Com ‘Jr. Bake Off’, SBT encara desafio que a Band abandonou
Neste sábado, numa boa sacada de quem conhece o público infantil que lhe traz audiência, o SBT põe no ar o primeiro “Júnior Bake off” – Mão na Massa”, talent show que promove a disputa entre 16 crianças de 8 a 12 anos pelo melhor título de confeiteiro infantil do Brasil.
Não é tarefa fácil. A Band, que realiza um “Masterchef” atrás do outro, revezando agora temporadas de amadores com temporadas de profissionais, fez um único “Masterchef Kids” e nunca mais planejou outra edição com menores. O potencial financeiro da versão infantil é evidentemente menor do que no programa entre adultos. Há regras restringindo a publicidade dirigida a crianças, e digamos que esse é um formato de largas condições de abraçar propaganda, merchandising e licenciamento de produtos. E, ainda que o SBT não seja a emissora mais obediente do país nesse quesito – a casa acumula cobranças do Ministério Público por merchandisings em programas dirigidos a crianças – não deixa de ser corajoso promover uma cozinha infantil.
Outro fator que jogou água fria no “Masterchef Kids” foi a inviabilidade de controlar os loucos das redes sociais: logo que aquela temporada estreou, houve comentários no Twitter em relação a uma candidata que incitavam a pedofilia.
Por fim, tornou-se um risco a estratégia de faturar dobrado com ações que só cabem em uma edição ao vivo no programa da final. Em razão da idade dos participantes, o canal abriu mão de fazer a transmissão em tempo real para não ser acusado de manter criancinhas acordadas até mais de 1h da manhã, como fazem com a audiência que acompanha o programa. No caso do “Bake off”, esse é um problema a menos, já que a atração não invade a madrugada.
O SBT recebeu mais de 10 mil inscritos para a jornada que estreia às 21h30, tendo Carol Fiorentino como apresentadora e um júri formado pela chef confeiteira Beca Milano e pelo empresário Fabrizio Fasano Jr. A equipe soma 120 profissionais, com direção-geral de Lucas Gentil, o mesmo que comanda a versão adulta. O reality, ou talent, como queiram, é um formato da BBC Worldwide que se estenderá por 10 episódios semanais.
A TV de Silvio Santos pode ser perigosamente muito dependente de uma figura só – justamente ele. Mas é a única rede aberta comercial que tem investido na alimentação de conteúdo para um público que hoje é altamente tentado a sintonizar outras telas, que não a TV linear. É por essas e outras que Senor Abravanel acerta muito, mesmo em meio a tantos erros. O retorno imediato, como calculou a Band, pode ser inferior ao que o formato renderia entre participantes maiores de idade, mas, a longo prazo, o efeito pode ser bastante benéfico.