Discurso antimachista domina final do ‘Masterchef Profissionais’
6Antes que a gente se entusiasme com a possibilidade de a paulista Dayse Papparoto ter vencido a 1ª temporada do “Masterchef Profissionais”, na Band, em boa parte pela comoção motivada pelo machismo de que ela foi vítima em determinada altura do programa, o chef Henrique Fogaça, um dos três jurados da atração, lembra que quando esse episódio se alastrou pelas redes sociais, formando toda a torcida por ela, as gravações do programa, incluindo a performance que rendeu o resultado final, já estavam encerradas. “Não houve influência, isso aconteceu de três semanas pra cá e já tínhamos gravado a apresentação final”.
Como é sabido, a Band reserva apenas a revelação do nome do vencedor para a exibição ao vivo na última edição. A torcida virtual por Dayse, a quem o competidor Ivo sugeriu, lá atrás, que fosse “varrer um chão”, chegou a se mostrar 90% favorável a ela. No encerramento, ela tinha 86% dos votos registrados pela internet, ante 14% de Marcelo, que torceu declaradamente pela derrota dela, a quem considerava sempre inferior a ele. O discurso antimachista predominou o texto de Ana Paula Padrão e Paola Carosella durante os momentos finais da edição, destacando a diferença de gêneros, e jamais a soberania de um sobre o outro. Mas nem Dayse nem Ana Paula quiseram transformar isso numa bandeira capaz de se sobrepor aos méritos da vencedora na cozinha. “Pode acontecer em qualquer lugar, com qualquer um, mas eu não julgo alguém por um momento”, disse a vencedora. “Ela ganhou porque é boa, cozinha bem”, endossaram Fogaça e Ana Paula.
Apresentador do “Jornal da Noite”, Fábio Panunzio entrou ao vivo com uma pergunta que foi pelo mesmo caminho: “Como você conseguiu driblar seus concorrentes nesse ambiente machista?”. Os rapazes da bancada puseram-se a gargalhar, quase como um deboche à percepção que causaram. Marcelo não ficou para conversar com a imprensa, mas alguém avisou Dayse que a mãe dele saíra de lá insatisfeita com o resultado. “O que eu posso fazer? Quem quiser ser meu amigo, ótimo, eu tô aqui. Quem não quiser, não posso fazer nada”, ela emendou, bem ao seu modo despachado.
Durante a longa edição final, que se estendeu até 1h10 da manhã, a Band ficou em 3º lugar na média geral, mas ocupou a vice-liderança por mais de uma hora. A surpresa maior, no entanto, diz respeito ao 1º lugar no horário, marcado pelo SBT, com o encerramento de “Cúmplices de um Resgate” e sessão de videoclipe febril entre a audiência teen. No horário total do “Masterchef”, a Band registrou 7,1 pontos, a Record, 6,6, a Globo 9,6 e o SBT, 12,2 pontos. Na hora final, quando a Band assumiu a vice-liderança, a Globo passou para o 3º lugar, com a final da série “Supermax”. Os dados se referem à audiência preliminar na Grande São Paulo, onde cada ponto equivale a 69,4 mil domicílios.
