Em decisão inédita, Viva retalha reprise de ‘Bebê a Bordo’, rejeitada por audiência conservadora
Elogiada por muita gente nas redes sociais quando estreou no canal Viva, pela ousadia de um enredo com reflexões que se mostravam tão mais modernas do que conteúdos atuais, a novela “Bebê a Bordo” (1988/89), de Carlos Lombardi, de fato assustou um número muito maior de pessoas do que a torcida que lhe era favorável. Quando se reencontrou com sua história, 30 anos depois, na mesma ocasião de estreia da reprise pelo Viva, até o autor se surpreendeu com o que viu: “Acho que a novela não envelheceu. O mundo envelheceu”.
Lombardi infelizmente tem razão. Boa parcela do público se queixa de cenas que insinuam sexo e de personagens que lidam tão livremente com o assunto. “Bebê a Bordo” lançou, na época, a expressão “levar um coelho” como sinônimo de relação sexual.
A partir das críticas recebidas e de uma audiência que fugiu do canal nos dois horários de exibição da trama (à tarde e na madrugada), “Bebê a Bordo” já começou a ser retalhada no capítulo de hoje, para sair do ar mais cedo, o que novamente provocou alvoroço entre os noveleiros no Twitter.
No capítulo desta segunda, a abertura veio no final do primeiro bloco, a numeração de capítulos, sempre presente, desapareceu da tela, e pularam o bloco que apresentava as cenas do capítulo seguinte. Constatou-se ainda cenas emendadas com o áudio do “voltamos a apresentar” ao fundo, numa evidente pressa de acelerar a exibição.
Esta é a primeira vez nos oito anos de história do Viva que uma novela é cortada. O canal sempre se gabou de apresentar as reprises na íntegra, inclusive com merchandisings da produção original e até de produtos que não existem mais. Para dar andamento à decisão de decepar a trama, o canal teve de pedir a benção da Globo, que se encarregou da edição.
Um processo semelhante a esse tem acometido a reprise de “Celebridade” (2003), de Gilberto Braga, no “Vale a Pena Ver de Novo”. A Globo já respondeu, por sua assessoria de comunicação, que a edição no “Vale a Pena” é um processo normal, mas a verdade é que umas histórias são mais retalhadas que outras, de acordo com a audiência e com o conteúdo da trama. Diante de tanta tesoura nas cenas, houve até quem comentasse, no Twitter, que se era para cortar tanto a história, que deixassem o folhetim para ser exibido no Viva, assegurando sua íntegra.
Como se vê, agora nem no Viva uma reapresentação está segura.
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