Em inversão saudável, mulheres já são mais velhas que seus pares na ficção
Ainda que esteticamente Débora Bloch (55 anos) e Patrícia Pillar (54 anos) tenham idades similares às de Fábio Assunção (47 anos) e Alexandre Nero (48 anos), os homens que as disputam na série “Onde Nascem os Fortes”, ambas são mais velhas que eles no papel. O mesmo se dá na novela das nove da Globo, “Segundo Sol”, em que Giovanna Antonelli acumula 42 anos, ante os 35 de Emílio Dantas, também mais novo que Deborah Secco (38).
Durante muito tempo, a ficção, da TV ou do cinema, fazia questão de formar pares entre homens mais velhos e mulheres mais novas, como praxe – pelo menos quando os homens passavam dos 40.
De Woody Allen a Renato Aragão, os rapazes foram envelhecendo, sem que seus pares acompanhassem suas idades em seus filmes e programas. Essa discrepância começou a incomodar, amém, e hoje, talvez não tão conscientemente, os parâmetros atravessem uma saudável mudança de tendência.
De certa forma inspirada por uma avalanche reflexiva em torno das discussões de gênero, a ficção já pode escalar pares em que as mulheres são mais velhas que os homens, afastando aquela ideia de que a câmera rejeita o envelhecimento feminino. Agora, só falta isso se estender a outros segmentos.
No Jornalismo, por exemplo, a aceitação a homens mais velhos continua sendo muito maior do que o equivalente no sexo feminino. Quando uma mulher em bancada passa dos 50, sempre tem alguém para reparar, mas ninguém nunca se queixou de ver o Cid Moreira em cena até que os fios brancos lhe cobrissem toda a cabeça. Tampouco ouço alguém se incomodar com a presença do Boris Casoy no vídeo. Já a presença de mulheres maduras nas bancadas de telejornais é nula.
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