Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Endemol Shine Brasil celebra 15 anos e subverte a tese de que tudo se copia

Klébber Toledo e Camila Queiroz comandam o Casamento às Cegas, que lança sua 2ª temporada na Netflix em dezembro / Divulgação

Era Chacrinha quem costumava dizer que nada se cria, tudo se copia. O Velho Guerreiro se espantaria, hoje, se pudesse constatar que essa máxima ganhou contornos de civilidade impensáveis e que, em certa medida, pode até ser desmentida. As ideias originais ainda existem, que bom, mas é certo que elas tenham sempre alguma referência local ou universal, com a direrença de que Silvio Santos já não pode mais inspirar um programa de sua TV em cenas de outros países, como fez ao longo de anos.

Já faz algum tempo que tudo tem de ser patenteado e vendido de acordo com os modelos de adaptação e distribuição previstos em contrato, estando portanto sujeito à proteção de leis criadas para zelar pelos direitos autorais.

A Endemol Shine é certamente uma das produtoras mundiais com maior êxito nesse tipo de comércio, tendo servido como modelo para outras tantas que vieram a seguir. Criada em 1994 a partir do sobrenome de seus fundadores, Joop Ende e John Mol, na Holanda, a Endemol se juntou à Shine International e a Core Media em 2015, quando a Endemol Brasil passou a se chamar Endemol Shine Brasil, empresa que agora está completando 15 anos no país.

Embora a gente tenha ouvido falar de Endemol pela primeira vez quando tomamos contato com o sucesso do Big Brother, maior grife do catálogo ca produtora, a versão brasileira do reality, batizada como BBB, foi trazida ao país por outro CNPJ, uma empresa aberta então em parceria entre a Endemol holandesa e a Globo, batizada como Globo Endemol, o que explica a presença da marca por aqui desde 2001.

A ERA DOS DIREITOS AUTORAIS

Não por acaso, já que citamos aqui Silvio Santos, notório fã de formatos internacionais que tratava de adaptar para a tela do SBT, nem sempre pagando os devidos royalties, cabe lembrar que foi justamente o Big Brother o primeiro alvo de uma disputa jurídica que deu vitória à Globo contra uma receita clonada por Senor Abravanel e rebatizada como Casa dos Artistas.

De certa forma, o SBT preconizou esse modelo de camarote adotado pela Globo no BBB desde 2020, mas a rede dos Marinho, que em 2001 já havia adquirido os direitos sobre o Big Brother, não engoliu ver a concorrente se valer indevidamente do reality antes que ela mesma colocasse sua versão no ar, então só com candidatos anônimos.

Para recapitular esse episódio da Casa dos Artistas, remontamos a 1999/2000, quando executivos de Silvio Santos tiveram acesso ao reality que já fazia sucesso em outros países e chegaram a trocar minutas de contrato com a Endemol, mas tiveram ordem do patrão para rasgar o acordo na hora agá.

De posse de todas as informações sobre o funcionamento do programa, incluindo aquela engenharia de câmeras e espelhos falsos montados para vigiar a casa com os confinados, Silvio fez a sua Casa dos Artistas e já bateu a Globo desde o primeiro dia, mesmo sem qualquer campanha prévia de lançamento –ao contrário, foi tudo feito na surdina, sob total sigilo.

Ganhou na audiência e na memória afetiva de quem viu –a 1ª Casa dos Artistas foi o melhor reality de confinamento já feito no Brasil, pela genialidade da análise combinatória daquele elenco. Mas Silvio perdeu nos tribunais, tendo conseguido ainda levar duas temporadas do programa ao ar.

Dei toda essa volta e retomo aqui o propósito deste texto, que é a celebração dos 15 anos do braço da Endemol que chegaria depois da Globo Endemol, a Endemol Shine Brasil.

No currículo de seus 15 anos, a Endemol Shine Brasil acumula títulos como o MasterChef Brasil, Casamento às Cegas, Rolling Kitche, Iron Chef Brasil, Canta Comigo, A Ponte: The Bridge Brasil, Queen Satars Brasiol, No Limite e The Masked Singer, além de projetos de branded content, como Cabelo Pantene, Fora da Rota, Onix Music Trip e Sobe Junto.

Helena Rizzo, Erick Jacquin, Henrique Fogaça e Ana Paula Padrão na nova abertura / Reprodução

A empresa é atualmente uma divisão da Banijay Americas, da global Banijay, maior produtora e distribuidora de conteúdo internacional do mundo, presente em 23 países.

A Endemol Shine Brasil chegou aqui apenas como produtora responsável pelo licenciamento de formatos, ganhando depois o status necessário para produzir e adaptar conteúdos, como conta a CEO da empresa, Nani Freitas.

“São 15 anos de trajetória num mercado com excelentes oportunidades de negócios”, diz ela. Conquistamos lugar nos destacando pela excelência de nossos serviços, entregando produções de alta qualidade em todos os segmentos dos realities que produzimos, sejam eles talento shows, games, gastronomia ou relacionamentos”, completa.

Até o fim deste ano, a Endemol Shine Brasil terá produzido mais de 20 projetos de conteúdo, com expectativa de crescimento de 21% em relação a 2021. Em dezembro, chega à Netflix a 2ª safra do bem-sucedido Casamento às Cegas, com apresentação de Camila Queiroz e Klébber Toledo.

E salve a plateia brasileira, que passa, em média, quase oito horas por dia (!) diante da tela, atenção distribuída entre TV aberta, TV paga, games e streaming. Isso é mais que o dobro da média global, estimada em 2h55 diárias, segundo dados da Kantar Ibope Media.

Em branded content, a empresa soma mais de 19 lançamentos desde 2017, contemplando marcas como Stella Artois, Beats, Skol, Budweiser e Samsung, além da já citada Pantene.

A Endemol Shine também trabalha com olho atento ao engajamento promovido pelas redes sociais. As plataformas do MasterChef Brasil, gerenciadas pelo departamento para toda a América Latina, somam 34 milhões de seguidores no Instagram, 2,4 milhões no Facebook, 1,65 milhão no Twitter e 4,47 milhões de inscritos no YouTube, onde ultrapassa 1 bilhão de views.

Curta nossa página no Facebook e siga-nos no Twitter

Cristina Padiglione

Cristina Padiglione