Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Legado de Zuza Homem de Mello guarda bons documentários nos canais Arte 1 e Curta!

Zuza Homem de Mello sintetizava sabedoria, música, elegância e delicadeza / Divulgação

Os canais Curta! e Arte 1 fizeram bons registros do legado de Zuza Homem de Mello, músico, produtor e crítico que perdemos nesta madrugada, aos 87 anos, em São Paulo. Segundo a família, ele teve um infarto.

Quem conheceu o doce Zuza e sua precisão musical expressada por meio de tantas obras e análises sabe que ali estava alguém capaz de aliar genialidade a muito estudo e persistência.

Não se contentava com o básico. Foi estudar música na School of Jazz, em Tanglewood, nos Estados Unidos, onde teve aulas com Ray Brown e outras feras.

Na Juilliard School of Music, renomada escola de Nova York, estudou musicologia. Escreveu vários livros sobre a nossa música e coordenou a Enciclopédia da Música Brasileira. Foi engenheiro de som e agente na contratação de astros internacionais durante o período mais fértil da Record em música, entre 1959 e 1969, que englobou os grandes festivais.

Essa história toda, relatada pelo próprio e por pessoas com quem ele conviveu, está documentada em duas ótimas produções para a TV: a biografia “Zuza Homem de Jazz”, no canal Curta!, e na linda série “Tempo e a Música” no Arte 1, ambas realizadas pela produtora Cine Group.

O primeiro título propõe ao espectador entender a influência do jazz na música brasileira, traçando um paralelo entre os dois universos por meio da história de Zuza Homem de Mello. A produção investiga sua premissa a partir do olhar próximo e intimista do crítico, referência do jornalismo musical no Brasil. Revisitando seu passado como musicista, o documentário parte em busca de sua paixão pela música, pelo som, por algo que resiste e se transforma ao longo do tempo.

O segundo é uma série em oito episódios de 30 minutos  cada, com curadoria do próprio Zuza, que acumula a função de apresentador e divide a condução do programa com João Marcello Bôscoli. A ideia de fazer “O Tempo e a Música” surgiu da vontade de Nonô Saad, diretora de distribuição de conteúdo do Grupo Bandeirantes, de resgatar o precioso material musical da emissora. São programas, entrevistas e shows das décadas de 1960 e 1970.

O primeiro episódio aborda o samba-canção por meio de um de seus maiores expoentes, o gaúcho Lupicínio Rodrigues. O segundo programa retrata a trajetória artística e o papel de Milton Nascimento e do Clube da Esquina na música brasileira. Nos demais programas, estão o samba de Adoniran e Cartola, músicas criadas no contexto da resistência à ditadura militar, a importância de Elis Regina para a MPB e outros temas. 

Viva Zuza, alguém de quem comecei a ouvir falar ainda adolescente, graças à antenada e bem informada Alessandra Alves. Jornalista que viria a se especializar em Fórmula-1 e dona de um texto irrepreensível, ela acompanhava o crítico com entusiasmo na Jovem Pan, desde os nossos dias ginasiais no Colégio Santana.

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Cristina Padiglione

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