Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Audiência de Roda Viva com biólogo é a maior desde edição com Bolsonaro, em 2018

Didático sem didatismo, com clareza e segurança, uma aula sobre a Covid-19/ Reprodução

O Roda Viva com o biólogo Atila Iamarino, exibido nesta segunda-feira (30) pela TV Cultura, ao vivo, sob o comando de Vera Magalhães, obteve sua maior audiência desde julho de 2018, quando o então candidato à presidência Jair Bolsonaro ocupou o centro do cenário, obtendo 2,3 pontos de ibope, com ancoragem de Ricardo Lessa.

Com 1,8 ponto de média de audiência na TV linear, o programa com Átila bateu o recorde do ano, antes pertencente ao ministro da Justiça Sergio Moro, que ainda é o recordista da história do Roda Viva, mas pela entrevista dada ao programa em março de 2018, ainda como juiz, quando registrou  3,8 pontos, em edição pilotada por Augusto Nunes em sua despedida do posto.

Os dados são da Grande São Paulo, onde cada ponto equivale atualmente a 74.987 pessoas, segundo dados do instituto Kantar Ibope. Em 2018, 1 ponto (e quando falamos em ponto falamos em ponto porcentual do total de TVs da região) representava 71.855 indivíduos. Considerando essa diferença, a diferença de Iamarino para Bolsonaro é até menor, já que o programa desta segunda foi visto por 134.976 cidadãos, na média geral do início ao fim, enquanto o de Bolsonaro foi visto por 165.266 telespectadores.

Repare como o Roda Viva no YouTube amplia significativamente sua plateia, multiplicando seu público em até dez vezes ou mais. A edição de Bolsonaro já tem 9,6 milhões de acessos. Além do interesse óbvio pelo personagem, pesa aí o fato de o então candidato ter dado raríssimas entrevistas por ocasião da campanha pré-eleitoral, o que torna aquela edição uma oportunidade ainda mais especial. As entrevistas na Globonews, no Roda Viva e ao Jornal Nacional são as únicas em que ele se permitiu ser confrontado com questões que o tiraram de sua zona de conforto, diferentemente das entrevistas concedidas de lá para cá á Record, SBT, RedeTV! e agora, CNN Brasil, que procuram não constranger o presidente.

Voltando a Átila: didático sem didatismo, seguro no esclarecimento de dúvidas, ele falou por quase duas horas sobre o novo coronavírus, fez comparações técnicas com outras epidemias e vírus, discorreu sobre estratégias para conter a pandemia e explicou sobre entraves que dificultam resoluções de curto prazo. Foi uma aula e tanto.

No canal do Roda Viva no YouTube, sua edição já vai chegando a 1 milhão de views em menos de 24 horas. A edição com Ciro Gomes, de duas semanas atrás, é a recordista do ano no portal de vídeos, com 2,1 milhões de visualizações, seguida pela entrevista de Moro, que tem 2 milhões.

Doutor em microbiologia pela USP, com pós-doutorado em Yale, Átila também levou o programa ao primeiro lugar do Twitter como assunto mais comentado nos trending topics mundial e Brasil. Não é pouca coisa ter um biólogo liderando os comentários em uma plataforma onde o BBB 20, em véspera de novo paredão com disputa acirrada, tomava dois tópicos entre os dez mais lidos.

Átila abriu o programa afirmando que todas as suas respostas teriam como base a ciência e o jornalismo profissional, segmento que ele fez questão de apontar como alvo de revalorização nesses tempos em que redes sociais e oportunistas multiplicam fake news.

Para quem não viu, fica a dica: vale a pena. Copio o link abaixo.em sua entrevista, Atila mostrou que entende como poucos de doenças como o coronavírus.

 

 

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Cristina Padiglione

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