Eventos celebram centenário de Jorge Andrade, autor de ‘Os Ossos do Barão’
“Na primeira metade dos anos 1990, o SBT refez uma série de novelas com grande maestria, certamente no melhor período dramatúrgico da emissora.”
A frase é de Mauro Alencar, doutor em telenovela pela USP e autor do livro “A Hollywood Brasileira”, com repertório altamente referendado pela obra de Jorge Andrade. A temporada à qual ele se refere do SBT, sob o comando de Nilton Travesso, incluiu uma bela releitura de “Os Ossos do Barão”, novela que lançou efetivamente Ana Paula Arósio como atriz –embora ela já tivesse feito uma breve participação em “Éramos Seis”.
Nascido Aluísio Jorge de Andrade Franco em 21 de maio de 1922, em Barretos (SP), ele ficaria conhecido como Jorge Andrade e estaria completando agora 100 anos. Dramaturgo, autor de telenovelas, peças teatrais, jornalista e escritor brasileiro, Andrade morreu em São Paulo, em 13 de março de 1984.
É conhecido por utilizar elementos da história brasileira para escrever as suas peças, como “A Moratória”, “Os Ossos do Barão” e “Vereda da Salvação”, realizando um recorte temporal que vai do Século 17 ao 20 da história do Brasil que estão reunidas na antologia “Marta, a Árvore e o Relógio”, da Semana Jorge Andrade – 100 Anos.
O doutor Alencar testemunhou dois eventos realizados em torno da obra do dramaturgo: um no Sesc São Paulo e outro no Centro Universitário Belas Artes, onde Alencar esteve em colóquio com Rosangela Patriota, Guilherme Udo e Antonio Gilberto, sob organização de Guilherme Bryan.
Já no Sesc, um ciclo de palestras contou com Eduardo Tolentino, Dirceu Alves Junior, a atriz Suely Franco, a atriz Julia Lemmertz e o ator Flávio Galvão. A curadoria foi do direitor de teatro Antonio Gilberto.
Detentor dos direitos da obra de Andrade, Alencar vendeu diretamente a Silvio Santos “Os Ossos do Barão”, “Gaivotas” e “Ninho da Serpente” nos anos 1990.
Na sequência, o doutor foi convidado a trabalhar no SBT. Mas estava iniciando carreira na Globo, em 1993, e o saudoso Mário Lúcio Vaz o convenceu então a permanecer na firma dos Marinhos.
Em 2015, a então diretora de Recursos Artísticos da Globo, Mônica Albuquerque, cogitou levar à Globo um remake de “O Grito, outro título de Andrade, que seria realizado por Ricardo Linhares, sob direção de Carlos Manga Junior. O projeto acabou não vingando até hoje, mas a Globo chegou a comprar os direitos autorais para sua produção e sua saída da gaveta não está descartada.
Para Alencar, a ausência de Andrade no repertório atual do audiovisual é “incompreensível”.