Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Expert em sorteios, SBT tirou a sorte grande com Libertadores e fatura extra para a surpreendente final

A tão cobiçada taça rendeu anunciantes extras para a final no SBT / reprodução

O desfecho da Taça Libertadores da América da temporada se tornou um golpe de sorte para o SBT. Com dois times brasileiros se enfrentando na final, em pleno Maracanã, a emissora de Silvio Santos fez jus ao DNA da casa, especialista em sorteios e carnês que oferecem prêmios e afins: o patrão acertou em ter fechado negócio com a Conmebol após a desistência da Globo, em setembro passado.

A presença de Palmeiras x Santos no gramado neste 30 de janeiro mereceu do departamento comercial uma mobilização extra para atender aos anunciantes que sempre aparecem de última hora para levantar a taça. A agenda do diretor comercial da emissora, Fred Müller, esteve ocupada até a véspera, nesta sexta (29) para fechar novos espaços abertos na programação do dia do jogo.

Amazon Prime Vídeo, Claro, Netshoes, Sanofi/Dorflex, SportingBet e Tik Tok são as seis cotas de patrocínios fechadas pelo SBT para a grande final da Copa Libertadores da América. Além delas, Ambev estará presente no Top de 5 segundos.

O Telepadi apurou que o valor da cota total da Libertadores em rede nacional pelo SBT foi de R$ 325 milhões cada, por custo de tabela oferecida ao mercado publicitário, preço que caiu para R$ 48,9 milhões no bruto negociado com cada anunciante, considerando aí um generoso desconto médio de 85%. Só para a partida final, o custo do anúncio foi de R$ 2,7 milhões no preço de tabela, negociado a R$ 417 mil.

Resistente em mexer na grade, mesmo neste momento em que pelo menos 80% da programação é reprisada, o SBT enfim abrirá uma exceção para a final deste sábado. O espaço dedicado ao evento terá início às 15h45, mais de três horas antes da partida, com um Arena SBT especial, sob o comando de Benjamin Back, estrela do FOX Sports que mudou de canal junto com a aquisição da Libertadores pela TV de Silvio Santos.

Com Back, estarão Mauro Beting, Jorginho e Téo José, responsável pela narração, mais uma turma hospedada nos estúdios em São Paulo. A equipe de esportes tem aval para seguir com o assunto até a festa do vencedor. Se não houver prorrogação e pênaltis, haverá espaço para mais comentários a seguir. Se a disputa for até o último recurso, a festa deverá invadir o SBT Brasil.

A FOX Sports também transmitirá o jogo na TV paga, e o SporTV, canal da Globo que abriu mão do cardápio em questão, fará, desta vez, o papel que seus concorrentes normalmente fazem, trabalhando com debates e mesas redondas sobre o evento, sem acesso à transmissão.

Embora faça questão de informar sempre que suas audiências para jogos da Libertadores rendiam mais que o dobro do que o SBT tem alcançado, a Globo não vai facilitar a vida da concorrência e prometeu três flashes do Big Fone com relevantes pistas para o andamento do Big Brother Brasil, seu hit desde segunda-feira (25), durante o horário em que a bola estiver rolando.

“Estaremos com uma equipe de 40 pessoas no Maracanã, e todo mundo foi testado com no máximo cinco dias de antecedência, mas, mesmo assim, só circulamos aqui dentro com máscaras”, conta Tiago Galassi, diretor de esportes do SBT, que conversou com o blog nesta sexta (29), já em atividade no estádio Mario Filho, no Rio.

A exigência de testagem é da Conmebol, detentora dos direitos de transmissão da Libertadores. Cada time pode receber 300 credenciais cada um, e todos terão de apresentar o PCR para pegar seus ingressos nominais e intransferíveis.

Os comentaristas e o narrador, Téo José, só vão tirar suas máscaras na hora de falar.

Contratado em setembro, Galassi é a personificação da agilidade exigida pela emissora para remontar, das cinzas, uma equipe esportiva, algo extinto desde 2019, quando a emissora transmitiu a Copa do Nordeste. Antes disso, em 2003, exibiu a Copa Ouro e o Campeonato Paulista. E em 2020, houve aquela final do Campeonato Carioca entre Flamengo e Fluminense, algo excepcional, fruto de uma operação alimentada pelo presidente Jair Bolsonaro, que atribui à Globo a condição de inimiga.

Libertadores é menu inédito no SBT. A Globo tinha um contrato até 2022 por US$ 60 milhões ao ano na soma de direitos de TV aberta e jogos da TV fechada. Na retomada do campeonato, pós-paralisação imposta pela pandemia, a Globo pediu revisão de valores por considerar o custo muito alto, mas não houve acordo com a Conmebol, que acabou concordando em receber 25% desse valor, US$ 15 milhões por ano, do SBT.

Mas se era para fechar acordo por tão menos, não poderiam ter pechinchado mais com a Globo? A emissora, no entanto, com fôlego de audiência bem maior, também fatura bem mais com o show em questão, daí o conflito sobre a redução de custos, sem falar na resistência da queda de braço e na desforra de vender o produto à concorrência para coroar o duelo.

Em outubro, o SBT comemorou a vitória sobre a Globo na audiência do Rio com Flamengo x Independiente, por 18 a 12 pontos. No horário, a Globo exibia a derrota do Botafogo para o Bahia. Mas, antes da rescisão com a Conmebol, os jogos do Flamengo na Libertadores (contra Barcelona, do Equador, e Junior Barranquila, da Colômbia) marcaram, cada um 36 pontos no Rio, exatamente o dobro da audiência do SBT.

Em São Paulo, um empate entre o Corinthians e o Atlético-GO, transmitido pela Globo, foi líder de audiência, com 21 pontos, mais que o dobro do que o SBT obteve com a eliminação do São Paulo na Libertadores: 10 pontos, alcançando a 3ª posição na região e perdendo inclusive para a Record.

A única partida do SPFC pela Libertadores transmitida pela Globo para a capital paulista este ano (São Paulo x LDU, em 11 de março) atingiu 25 pontos.

Enquanto a Globo tenta mostrar que o caldo rende muito mais em sua tela, o SBT comemora médias que lhe asseguram de 30 a 100% a mais de audiência, ainda mais de julho de 2020 para cá, quando o saldo de reprises na emissora aumentou e os índices despencaram. Atualmente, a rede mal atinge 8 pontos na Grande São Paulo.

Segundo dados do Painel Nacional de Televisão (PNT), do instituto Kantar Ibope, que mede a audiência das 15 principais regiões metropolitanas do país, a partida que deu ao Palmeiras uma vitória de 3 x 0 sobre o River Plate, marcou 12,1 pontos de média. Até então, o maior índice havia sido alcançado por Flamengo 1 x 1 Racing, em 1º de dezembro com 11,5 pontos, também no PNT.

No saldo total, desde que a Libertadores teve início em sua tela, o SBT obteve 91% de aumento na faixa horária às terças, pelo PNT, e 80% de crescimento na Grande São Paulo.

Na transmissão do dia 12, entre Palmeiras e River Plate, o SBT obteve a maior audiência desde 2016 no PNT, ficando 38 minutos na liderança em São Paulo, onde esse resultado não era atingido desde 2003.

No salto total até aqui, a Libertadores rendeu média de 10,7 pontos e share (percentual de TVs sintonizadas no SBT considerando apenas o total de aparelhos ligados) de 16%, tomando com base a média de todos os jogos desde a primeira transmissão, em 16 de setembro de 2020.

Em público, estima-se que 8,4 milhões de pessoas e 4,5 milhões de lares tenham sido alcançados com as transmissões dos jogos.

Na roda do Roletrando do futebol, o fato é que Silvio Santos se deu muito bem.

Curta nossa página no Facebook e siga-nos no Twitter

Cristina Padiglione

Cristina Padiglione