Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Feminicídio e aborto estão na 2ª temporada de ‘Unidade Básica’, série nacional sobre saúde

Caco Ciocler e Ana Petta são médicos na série "Unidade Básica", do Universal / Pedro Saad/Divulgação

Não foi proposital lançar bem agora, em meio à maior pandemia mundial já vivida nos últimos cem anos, uma nova temporada de uma série que trata sobre saúde pública. Quatro anos separam a 1ª da 2ª safra de “Unidade Básica”, uma coprodução nacional da Gullane com a produtora de Newton Cannito, roteirista com quem as irmãs Helena (médica) e Ana Petta (atriz) desenvolveram a ideia de produzir uma série médica. A própria Ana é uma das protagonistas, ao lado de Caco Ciocler.

A nova temporada chega ao canal Universal neste domingo (3), às 23h, em episódios duplos: a cada domingo serão apresentados dois capítulos, sendo o segundo às 23h30.

“Unidade Básica” básica é anterior a “Sob Pressão”, série médica originada a partir do filme homônimo, com base nos relatos do médico Márcio Maranhão em livro, em criação de Jorge Furtado para a Globo, com produção da Conspiração Filmes.

Gravados antes da epidemia do novo coronavírus, evidentemente, os oito novos episódios de “Unidade Básica” não tratam do assunto do momento, mas jogam holofote sobre aquele que é apresentado como o maior sistema de saúde pública do mundo, o SUS. Apesar de ser tão mal falado em razão da distância entre sua estrutura e a da saúde privada no país, não se tem notícia, e quem diz isso é Drauzio Varella, de qualquer sistema de saúde público no planeta com condições de atender um país com população nas proporções do Brasil.

Em entrevista ao TelePadi, Cannito  cita o coprotagonismo feminino como um diferencial da nova temporada. Se antes o doutor Paulo de Ciocler brilhava mais à linha de frente, agora ele divide sua relevância com a doutora Laura, uma residente na primeira safra e agora uma médica radiologista com mais experiência para driblar as adversidades do dia a dia em uma unidade de socorro.

“Tinha essa sabedoria maior do homem, antes, e agora é dela, da Laura”, conta Cannito. “O Paulo é meio chucro. Mesmo não sendo machista ou racista estruturalmente, tem uma monte de coisa na cabeça dele e ele está num momento de fazer essa limpeza, tem essa certa cura nesses temas.”

O criador e roteirista cita ainda a importância de se aprofundar na divergência de conceitos sobre temas cujo debate quase sempre gera intolerância dos dois lados. “Vamos falar de violência contra a mulher, mas por que a mulher tantas vezes não quer denunciar o agressor? É preciso entender as razões dela e entender como proteger essa vítima”, diz. “O aborto é a mesma coisa: como você pode determinar onde começa a vida sem aceitar o que pensa o outro? Não são discussões simplistas.”

“A próxima etapa do conhecimento social é avançar sobre isso, não se pode desrespeitar a opinião contrária, se você não respeitar a opinião do outro você não consegue entrar num consenso.”

Por falar em próxima etapa, a 3ª temporada é certa e já está em produção -no papel, bem entendido.

Assim como em “Sob Pressão”, a série é ficcional, mas baseada em fatos reais, sendo a própria Helena Petta, irmã da protagonista e uma das criadoras da série, a consultora e fonte para as situações ali desenvolvidas.

Além de protagonista, Ciocler assina a direção de dois episódios, o que lhe vale a estreia no universo da ficção -o ator já havia se aventurado na direção de documentários, algo bastante diferente do que se dividir nos papéis de quem atua na frente e por trás das câmeras. Com perdão pelo lugar comum, foi um bom desafio.

“A ideia da série é divulgar para o Brasil o que se passa dentro das Unidades Básicas de Saúde e, atualmente, elas viraram o foco de atenção”, fala Ciocler. “Acho que foi uma feliz coincidência dramatúrgica, embora seja uma infeliz coincidência histórica”, completa.

Caroline Fioratti assina a direção-geral, outro item que reforça o olhar feminino da nova temporada. Além de feminicídio e aborto, os novos episódios botam em discussão a cilada dos diagnósticos imediatistas e o corporativismo.

Unidade Básica: 2ª temporada
Universal (ex-Universal Channel), às 23h e 23h30.

 

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Cristina Padiglione

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