Final de ‘Por Amor’ não bateu recorde, mas foi o melhor desde Nazaré
Ao longo de sua última semana no Vale a Pena Ver de Novo, “Por Amor” chegou a registrar 22 pontos de média na Grande São Paulo onde cada ponto equivale a 73.015 domicílios. Por isso esperava-se o mesmo, no mínimo, para o último capítulo, exibido na sexa-feira (11), mas isso não correu. O desfecho da história de Manoel Carlos obteve 19 pontos na região. De todo modo, como último capítulo, é um desempenho que não ocorria desde o fim de “Senhora do Destino”, em 2017.
Exibida duas vezes no Vale a Pena Ver de Novo, o enredo da Helena que omite a morte do neto, dando em troca o seu próprio filho para sanar a ausência do bebê morto, já foi ao ar cinco vezes -três na Globo, incluindo a original, em 1997, e duas no canal Viva. Invariavelmente, a trama, de 1997, rende audiência acima da média, endossando o caráter atemporal da produção.
Ainda na sexta-feira, Fábio Assunção celebrou o fim da reprise com post no Instagram dedicado ao autor, Manoel Carlos, e ao diretor Paulo Ubiratan, que morreu a dois meses do fim da novela e foi quem o lançou na TV, em 1990.
“Enquanto isso, na sala da família… rsrs, Marcelo despeja seus incríveis e profundos dilemas cotidianos. Um perfeito White People Problem(ático), rsrsrsrs. Delícia de personagem, de novela que se despede hoje do público. Saudações ao mestre Manoel Carlos, nosso autor. Por outro lado quero homenagear aqui o diretor Paulo Ubiratan, com quem estreei em televisão em 90 e que me convidou para fazer a novela Por Amor. Paulo também dirigiu Por Amor e infelizmente veio a falecer em março de 98, dois meses antes do término da novela. Foi uma novela e tanto.”
-
Dá-lhe textão: quem disse que o povo não gosta?
Quando se vê “Por Amor” e seus diálogos densos, longos, bem trabalhados, do texto à interpretação, dá até desgosto pensar no nível raso de “A Dona do Pedaço”, onde tudo é óbvio, mastigado, digno do troféu sorvete-na-testa.
Como disse Antonio Fagundes, a boa audiência de “Por Amor” reforça que o público não rejeita textão, desde que a história seduza o público, como incontestavelmente acontece com “Por Amor”, seja qual for a época.
Que o seu bom desempenho inspire a Globo a voltar a apostar em tramas menos superficiais no horário nobre.
Sabemos que um bom trabalho para educar os ouvidos da plateia tem sido desenvolvido mais nas séries do que nos folhetins, mas, por mais acessíveis que os textos tenham de ser para o público no produto mais visto da TV, é possível ser menos patético sem ser elitista.
Didatismo não pode ser confundido com trabalho rasteiro.
E viva Branca Letícia (Susana Vieira)! Um brinde de Martíni a ela e ao autor, Maneco.