Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Globo mostra cenas de aplausos em meio a vaias a Bolsonaro no Maracanã

O presidente Jair Bolsonaro posa para fotos ao lado dos jogadores da seleção brasileira. Foto: Reprodução/Globo

Faltou combinar a imagem com o áudio.

Enquanto o Maracanã vaiava o presidente Jair Bolsonaro, ao fim da vitória do Brasil na Copa América, neste fim de domingo, a Globo exibia imagens de um grupo de pessoas aplaudindo o presidente. Consta que o corte de imagens, como todo o comando da transmissão, cabia à Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol, responsável pela organização do evento), mas a edição também contém imagens exclusivas da Globo, segundo apurou este noticiário.

Pelo sim, pelo não, Galvão Bueno, dizia que “entre manifestações favoráveis e contrárias, o presidente agradece”.

Pode até ser que ao alcance dos ouvidos da cabine onde estava o locutor da Globo, próximo aos cartolas do futebol, houvesse mais manifestações favoráveis do que a média geral, mas a música ambiente na transmissão da Globo, um tom acima do ideal, não consegue impedir que ouçamos a sonora vaia que se apresenta no momento em que Bolsonaro surge em cena, rodeado de cartolas condenados ou ligados a condenados por corrupção, quesito que ele, chefe da nação, sempre cita como inimigo a combater.

Pode ser que as vaias sejam para os mandantes do futebol? Pode ser. Mas são vaias, em sua maioria, sem divisão 50/50, como tenta fazer parecer a narração do Galvão e as imagens da Globo, com endosso do narrador.

Integrantes da seleção brasileira focalizados pelas imagens gritam “Mito! Mito!”, como vemos no corte das imagens feitas diretamente no campo, contrariando a voz das arquibancadas.

Bolsonaro sempre diz que gosta de ser julgado pela multidão dos estádios, como fazia crer o mito das aparições públicas nesse cenário futebolístico pelo ex-presidente Emílio Garrastazu Médici, segundo Bolsonaro, sempre aplaudido nos estádios de futebol. Pudera, naqueles anos de chumbo, ai de quem ousasse puxar uma vaia ou não esboçar um aplauso.

Independentemente da meritocracia do presidente nesse coro, vamos lembrar que faz duas semanas que o presidente da UEFA, Michel Platini, foi preso por suspeitas de corrupção, reflexo do que ocorre de modo geral entre os cartolas do futebol, de quem o nosso Bolsonaro se fez acompanhar nessa apresentação pública deste domingo, ao lado dos capos da Conmbebol e da CBF.

Quem estava no Maracanã jura que a aparição do presidente se deu entre aplausos e vaias. Pela TV, o áudio do coro se apresentou com vaias, em contraposição às imagens da edição.

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Cristina Padiglione

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