Record nega à Globo imagens de Jô na ‘Família Trapo’
Entre as várias imagens que compuseram a bela entrevista de Jô Soares a Pedro Bial na Globo, exibida na sexta-feira, 24, faltaram cenas da “Família Trapo”, humorístico que fez história na TV e foi produzido pela Record, nos anos 60. A produção do “Conversa com Bial” bem que tentou obter uma pequena edição do programa, mas a Record não liberou o material.
Consultada, a Globo informa que não houve atritos. A Record justificou que a liberação de imagens como essas requerem, além da boa vontade da emissora, o aval de quem aparece em cena ou de seus familiares, no caso de quem já morreu (como Ronald Golias, por exemplo). Em outras oportunidades de uso de imagens do acervo antigo, essa questão já teria aparecido.
Independentemente desse fator, no entanto, falta realmente boa vontade entre as duas emissoras para a cessão de imagens e profissionais. Nesse contexto, vale mais o princípio da reciprocidade: nem Globo costuma ceder material à Record nem Record tem hábito de ceder seus produtos à adversária.
Pena.
Seria de bom tom, para a TV brasileira, que as duas pudessem contemplar o telespectador e a consequente preservação de sua memória, seu maior patrimônio. Há, numa etapa seguinte, a resistência ou não dos detentores dos direitos de imagem (em geral, a resistência vem sempre de familiares), mas bem que as TVs poderiam vencer a barreira que diz respeito unicamente a elas.
Nos Estados Unidos, é comum ver um canal citando outro.
Aqui, jornais concorrentes mencionam nominalmente um ao outro, quando um furo jornalístico de relevância merece repercussão.
Mas a TV se comporta como se fosse feita de um único canal, um comportamento que denota, no mínimo, uma insegurança atroz.
Uma emissora não se refere a outra nem em caso de debate eleitoral, algo que deveria ser de interesse final do telespectador de qualquer canal. Quando o fazem, falam em “um debate na TV”, sem citar a emissora. Patético.