Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Globo toma posição como única TV nacional em dia com novas tendências

Maria Casadevall e Cauã Reymond na série 'Ilha de Fero' Crédito: Divulgação

Em largo território de geeks ou não, três empresas se avizinham em seus robustos estandes na Comic Con Experience (CCPX) do ano, em São Paulo: a HBO se mantém no mesmo lugar onde tem marcado ponto há alguns anos. E ganhou, como vizinhas, a Netflix de um lado e o GloboPlay de outro.

A marca mais tradicional na produção de séries, líder em indicações no Emmy até ser batida este ano pela Netflix, ainda desperta no evento a comoção líder, por um produto que vai acabar em 2019: a série “Game of Thrones”.

Mas a Netflix vem perseguindo a fama e o respeito da outra na produção de conteúdos há alguns anos. Já a Globo, que sempre trafegou em terra brasilis e bateu no peito por orgulho de suas novelas, líder maior e inconteste por aqui, despertou há pelo menos um ano, de modo muito focado, no mundo do streaming e da produção de séries, cardápio de preferência mundial.

No ano passado, a Globo esteve na CCXP como Globo. Agora, o estande é “GloboPlay”, claramente focado no nicho maior da feira, maior evento de geeks da América Latina, quiçá das Américas – o número de visitantes já teria ultrapassado a Comic Con de San Diego, na Califórnia. Ontem, ao encerrar um painel cuja plateia imitava torcida de futebol em dia de final, os criadores de “Game of Thrones” disseram que encontraram aqui mais clamor do que em San Diego, o que foi amplamente festejado pelos fãs locais.

A Globo, nesse contexto, é a única programadora (e distribuidora) nacional que está trocando o pneu com o carro em movimento, com competência. A expressão não é minha, mas de Renato Meirelles, fundador do instituto Data Popular, rebatizado como Locomotiva.

Record deu início ao serviço de streaming pela plataforma Play Plus, de proporções ainda muito distantes de GloboPlay e Netflix, e SBT e Band não sabem nem do que os concorrentes estão falando.

Na quinta, a Globo se apresentou na CCXP com um painel de “Malhação”, que tive o prazer de mediar, promovido pelo Canal Viva, que atualmente reprisa a temporada de 2007 do título. Ainda na quinta, tivemos uma conversa com Cauã Reymond, Maria Casadevall, Klébber Toledo e Sophie Charlotte, por “Ilha de Ferro”, série ainda exclusiva do GloboPlay. Nesta sexta, o dia foi de “Aruanas”, série sobre militância ambiental na Amazônia, com Taís Araújo, Leandra Leal, Débora Falabella e Camila Pitanga. E, finalmente, no sábado, Tatá Werneck e Eduardo Sterblicht movimentam a CCXP para falar de “Shippados”, nova comédia também destinada ao GloboPlay.

O GloboPlay, como diz o seu diretor maior, João Mesquita, tem nas mãos o que nem Netflix nem HBO têm: larga tradição na memória afetiva das pessoas, 100 milhões de consumidores que trafegam pelo canal de TV linear, mais 20 milhões de brasileiros visitando GloboPlay, entre pagantes e não pagantes (fatia majoritária do bolo). Quando lança um produto, como aconteceu com “Assédio” e “The Good Doctor”, pode requisitar uma vaga no Tela Quente para fazer uma degustação do produto. Não carece, como fez a Netflix, de pagar pela locação de um horário (no SBT) para exibir a estreia de “Stranger Things”.

Band, SBT e Record também teriam esse mérito de dispor de plataforma online na TV e na web. A Band tem até canal pago, como a Globo, mas tropeçou em crise econômica que não a coloca em condições de disputar fatias de mercado no momento.

Dito isso, parece claro que só a Globo tem se antecipado a um comportamento que cresce aceleradamente e logo poderá se equiparar à audiência da TV online: a dita TV sob demanda, com receitas que não dependem exclusivamente do mercado publicitário nem colocam o assinante à mercê dos interesses de mercado, já que ele paga por aquilo que quer ver.

O Vido sob Demanda, ou Video On Demand (VOD) só não terá uma ascensão meteórica como aconteceu nos Estados Unidos porque o comportamento requer gastos, e estamos falando de um público que mal tem dinheiro para botar comida na mesa.

Entre o público com maior poder de consumo, no entanto, aquele que interessa aos anunciantes, os tempos, regras e caminhos são outros.

Mas nem todos estão preparados para ocupar seu espaço quando a chavinha da TV linear virar de fato para o VOD (Video On Demand).

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Cristina Padiglione

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