GloboNews mapeia a convivência da diversidade no documentário ‘Copan 60 Horas’
A diretora e roteirista Cristina Aragão alugou uma quitinete no bloco B do Edifício Copan, símbolo da arquitetura de São Paulo, onde ficou por 60 horas, com sua equipe. Lá está o mais popular dos seis blocos que fazem o icônico edifício projetado por Oscar Niemeyer, símbolo da arquitetura de São Paulo, que conta com 1.160 apartamentos de vários tamanhos, habitados por gente de níveis sócio-econômicos bastante distintos. Dali saiu o documentário “Copan 60 Horas”, que a GloboNews leva ao ar hoje, às 21h.
A ideia era mostrar como a arquitetura interfere na vida dos moradores, ressaltando a diversidade. No Copan, há apartamentos com mais de 200 m² e apartamentos com pouco mais de 20 m². Ali está um modelo avesso à maioria dos condomínios erguidos país afora, cercado de grades e isolamento. “O Copan tem uma representação simbólica muito grande”, atesta a diretora. “É um estilo de vida em que as pessoas acreditam que o convívio com o outro, o diferente, é possível.”
São mais de 5 mil pessoas distribuídas por 35 andares, além das que circulam pelas lojas, bares, restaurantes e galeria de arte na base do edifício. “As galerias no térreo permitem que o público e o privado convivam. Há uma integração entre os moradores e as pessoas de fora”, destaca Cristina. “O Copan tem uma riqueza de personagens impressionante. Existe uma mistura de classes sociais muito interessante. É um dos poucos lugares onde você vê empregados morando no mesmo prédio em que o patrão”, ressalta André Godoi, cineasta que comprou dois apartamentos no edifício, criando um espaço único com cerca de 400m². “As motivações pelas quais as pessoas escolhem morar no Copan são das mais variadas. Umas, pela vista privilegiada da cidade, outras, pela localização central, mas um ponto em comum é a arquitetura. O brise-soleil – espécie de marquise que diminui a incidência do sol nos apartamentos, mas mantém a entrada da luz –, exerce um fascínio unânime”, complementa Cristina.
O documentário aborda também curiosidades que envolvem o Copan, como as sessões de meditação realizadas às 6h da manhã no heliponto do edifício e um apartamento que serve de moradia temporária para alunos e professores de arquitetura vindos de todo o Brasil. Há também grupos no Facebook que trocam serviços e facilidades.
Na quinta-feira, dia 5 de abril, a GloboNews realizou no MIS, em São Paulo, uma pré-estreia de “Copan 60 Horas”, seguido de uma conversa com o adorável arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que falou a uma plateia onde estudantes de arquitetura, fotofrafia e designers se misturavam a empreendedores sociais. Cristina contou que a ideia de fazer o documentário veio após entrevistar Mendes da Rocha para o programa “Millenium”. Na ocasião, o arquiteto mencionou o Copan como “símbolo da democracia do convívio”, o que a motivou a se instalar no local para mapear o cenário e seus personagens. Credenciado pelo prêmio Pritzker, uma espécie de Nobel da Arquitetura, Mendes da Rocha gostou do que viu: “Fiquei muito surpreendido com a maravilha do filme, pelo enfoque diferente do usual quando se fala de arquitetura, que normalmente se restringe a aspectos formais e acadêmicos. A relação entre o Copan e as vidas que o habitam foram retratadas extraordinariamente”, elogiou o urbanista.
Há 25 anos na função de síndico, Affonso de Oliveira disse que, apesar do número de moradores, a convivência é pacífica. Quem sabe o doc não inspira os condomínios que fazem de suas reuniões uma fogueira de desavenças?
Diretora da GloboNews, Eugênia Moreyra compareceu à première e avisou que “Copan 60 Horas” é “apenas” um dos 80 documentários em produção pelo canal, uma notícia a ser celebrada para um nicho que, até bem pouco tempo, era bastante desprezado no Brasil.
COPAN 60 HORAS: Sábado, 8 de abril, às 21h, na GloboNews, depois disponível para assinantes do Globosat Play