Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Globosat e Som Livre passarão a se chamar apenas Globo em 2020

Jorge Nóbrega, presidente do Grupo Globo. Foto: Gustavo Scatena/Globo

Os nomes Globosat e Som Livre, assim como seus CNPJs, vão sair de linha a partir de 1º de janeiro de 2020.
O Grupo Globo caminha a passos largos para o plano anunciado de ser “uma só Globo”, em um processo iniciado em setembro passado, previsto para durar três anos, que conta com o acompanhamento de uma consultoria internacional, a Accenture.
Com sede na Irlanda, a companhia internacional foi contratada após uma visita que levou até lá os herdeiros da família Marinho e seus principais executivos, a saber, Jorge Nóbrega, presidente do Grupo Globo, Carlos Henrique Schroder, diretor geral da Globo, e Alberto Pecegueiro, diretor dos canais Globosat.

A unificação das empresas não inclui o InfoGlobo, que publica os veículos impressos do grupo, nem o Sistema Globo de Rádio, por enquanto.

A informação sobre o fim dos nomes GloboSat e Som Livre obtida pelo TelePadi vai de encontro à entrevista de Nóbrega a João Luiz Rosa, do jornal “Valor Econômico”, do grupo Globo, publicada no último dia 19. Nela, o executivo que substituiu Roberto Irineu Marinho no cargo disse: “Daqui a algum tempo não teremos mais empresas separadas… Vamos ter uma só Globo. E a Globo será uma empresa de muitos serviços”.

Não é mera retórica.

A reportagem informa que TV aberta e fechada “já não têm fronteiras entre si porque o conteúdo, independentemente da origem, tornou-se passível de ser oferecido diretamente ao consumidor”. “Tudo o que separávamos antes agora é uma coisa só. Então, não faz sentido ter empresas separadas”, disse Nóbrega.
“A unificação vai ocorrer entre as companhias da Globo Comunicação e Participações, que reúne Rede Globo, Globosat, Som Livre, Globo.com e Globoplay”, informa a reportagem. Ainda de acordo com o “Valor”, esse conglomerado fechou 2018 com receita líquida de R$ 14,7 bilhões e mais de R$ 10 bilhões em caixa. A dívida bruta foi de R$ 3,37 bilhões. O resultado, divulgado na semana passada, não inclui a Editora Globo, d de jornais e revistas, entre os quais o Valor, e o Sistema Globo de Rádio.

Self service de TV

Em suas argumentações, Nóbrega fala sobre novos meios de empacotar conteúdo. Um espectador que esteja disposto a pagar apenas por futebol e filmes poderá fazer uma compra casada dos respectivos canais que entregam esse menu. Desde o começo da TV paga no Brasil, uma das principais queixas de custo-benefício sobre o serviço sempre foi a inconveniência dos pacotes que obrigam o consumidor a pagar por canais de venda de tapetes para ter canais de filmes premium, esportes ou infantis.

O universo do streaming, que hoje motiva serviços próprios de programadoras, como Netflix, Amazon, GloboPlay, HBO e agora Apple a entregar um cardápio sem ter de passar pelos interesses de uma operadora vem se alterando em alta velocidade. É para esse mundo que o Grupo Globo pretende estar pronto.

Para Nóbrega, não há no Brasil outra empresa que possa oferecer todos os segmentos que a Globo soma hoje, desde GloboPlay até os canais pagos GNT, Multishow, Off, Gloob, SporTV e a sociedade com os maiores estúdios de cinema via Rede Telecine.

Banco de dados

O executivo contou ainda que uma forte estratégia da empresa no momento é conhecer quem são os milhões que falam com a Globo. O grupo criou uma identificação para seus usuários, o “Globo ID”, sistema que lhe permite criar um robusto banco de dados. “Toda vez que alguém entra na internet para votar no ‘Big Brother Brasil’ ou no jogo eletrônico Cartola Futebol Clube – que conta com 14 milhões de times formados por fãs -, mais informações alimentam essa base única. O mesmo ocorre com as informações de outras plataformas”, conta o “Valor”.
Por exemplo: eu, assinante da NET, tentei acessar hoje o programa “Diálogos”, de Mario Sergio Conti na GloboNews, e fui reconduzida a um login que me reconhece como assinante do GloboPlay e do jornal “O Globo”. Não consegui ver o programa que eu procurava, mas a Globo consegue me localizar como indivíduo, veja só.
Por qualquer porta que o sujeito entre em algum canal digital do grupo Globo ele será reconhecido por sua identidade.

Até bem pouco tempo atrás, a Globo mal conhecia o consumidor dos canais pagos, cliente direto da operadora de TV por assinatura, e não da programadora, no caso, a Globosat.

Três em um

O “Valor” cita ainda a previsão de “simplificar a estrutura da companhia para ganhar sinergia e aproveitar melhor as competências existentes”. O que acontece já no esporte, onde mais de 40 demissões trataram de unir os esforços entre Globo e SporTV, já vai se espalhando por outras áreas, com o respaldo da consultoria contratada na Irlanda.

Em outras palavras, o enxugamento de funcionários é certo por esse aspecto. Por outro, a associação do grupo com novos serviços e start ups, se e quando os novos negócios tiverem boa resposta, pode criar novos postos (oxalá).

Como exemplo da “simplificação”, Nóbrega cita a área de tecnologia. Somando todo o pessoal especializado, dividido pelas diferentes empresas, a equipe de engenharia soma cerca de 4 mil pessoas.  “Para determinadas coisas, precisamos de competência única”, afirma o executivo. “Não podemos ter três ou quatro centros de realidade aumentada. Vou ter um só, mas extremamente competente nessa tecnologia.”

Investimento

Outra novidade anunciada por Nóbrega é o MG4, um complexo de estúdios que será inaugurado nos Estúdios Globo, ex-Projac, em Jacarepaguá, no Rio. De acordo com a reportagem, o MG4 é composto por três novos estúdios que vão ocupar, juntos, 4,5 mil metros quadrados. “As instalações estão entre as mais modernas de seu tipo no mundo, diz Nóbrega. Os estúdios terão conexão IP, sem fio, com equipamentos conectados via internet. Também contarão com mais cenários fixos para facilitar a gravação de novelas e séries.”

Atualmente, a Globo monta e desmonta cenários de novelas todo santo dia, para abraçar todo o volume de produções que sai de lá.

A expectativa é que o complexo entre em operação neste ano, diz Nóbrega.

O executivo se queixa ainda das diferenças de tributação entre empresas de radiodifusão e digitais, o que talvez não consume uma unificação tão plena assim na questão de um só CNPJ.

A ver.

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