Homem insistente ‘é galanteio’; mulher insistente ‘é carente, chata’: lições da Noca
As boas lições transmitidas por “Um Lugar ao Sol” passam longe do tom de lacração explicitado pelas redes sociais, e portanto dispensam a narrativa professoral e o didatismo. As cutucadas úteis que a novela de Lícia Manzo provoca na plateia não vestem figurino de ensinamento, e isso é o que mais conspira a favor da absorção desse conteúdo pelo telespectador.
É dessa forma que Noca, personagem da adorável Marieta Severo, dá grandes pistas sobre o que o machismo estrutural camufla há séculos. No capítulo de quinta-feira (17), em uma cena muito rápida, ela disse que o homem, quando é insistente na tentativa de conquistar uma mulher, é chamado de galanteador. Mas a mulher, quando insiste muito, é tratada como “carente”, “chata” e às vezes até desesperada.
Disse tudo, a dona Noca, só para variar.
Na sequência em que esse paralelo vem à tona, Dalva (Ju Colombo) avisa Noca que seu Aníbal, personagem que traz Reginaldo Faria à trama, está mais uma vez à espera dela em uma mesa de seu restaurante. Ela bufa, mostra fastio, e diz o seguinte:
“Queria ver se era uma mulher insistindo assim. Iam dizer que era uma largada, uma carente, uma chata. Agora, não. Só porque é homem, aí pronto, é um ‘galanteio irresistível’. Ah!”
No capítulo desta sexta (18), Noca acabou se rendendo aos “galanteios” de Aníbal e tascou-lhe um beijo.