Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Homenageado no maior festival de animação do mundo, Brasil salta de 2 para 44 séries de TV em 10 anos

A produção nacional 'Historietas Assombradas para Crianças Malcriadas', exibida pelo Cartoon, integra a programação do festival na França. Crédito: Divulgação

O Brasil será homenageado no mais importante festival de animação do mundo, o Festival de Annecy, que começa amanhã, na França. A curadoria do que lá será apresentado é do Anima Mundi, outro festival, local, parceiro do Festival de Annecy, que aqui ganha cada vez mais relevância.

Para quem se surpreendeu com a indicação de uma animação brasileira ao Oscar, há dois anos, com “O Menino e Mundo”, convém avisar que essa indústria tem, só na TV, um salto de 2 para 44 no número de séries animadas, num prazo de dez anos.

É um saldo espantoso para uma indústria que passou décadas produzindo raros programas infantis, a maioria em live action, como “O Sítio do Picapau Amarelo”, que aliás também ganhou versão animada nesse período da última década, ou “Vila Sésamo” e “TV Globinho”. Animação, antigamente, era só recheio para programas infantis apresentados por moçcas divertidas e bonitas, naquele que ficou conhecido como reinado da Xuxa. Vez ou outra, aparecia também como comercial de inseticida, para ilustrar uma barata mais simpática, e nas incursões da consagrada Turma da Mônica num espaço pouco afável para o gênero.

Sempre foi mais em conta pagar migalhas por blockbusters distribuídos no mundo todo, vindos de fora, que por isso chegavam aqui a preços muito mais viáveis.

Ainda que Tom & Jerry, Flinstones e Pica-Pau tenham divertido várias gerações antes dessas, o fato de podermos encontrar identidade nacional nas animações agora produzidas aqui representa um ganho imensurável para a cultura brasileira e, por que não, para a economia. O mesmo fator que inibiu essa produção no passado agora encontra meios de multiplicar o chamado capital de giro. A indústria da animação aqui só foi adiante graças a uma série de leis de incentivo que instigaram a abertura de espaço na TV e o investimento de produtores, aposta esta que se reverte em boa imagem para o Brasil lá fora, quando um “Peixonauta”, por exemplo, entra em mais de 70 países. E se reverte, como muita gente não sabe, em dividendos para os cofres de toda a cadeia produtiva, alimentando inclusive um mercado de empregos e o turismo interessado em conhecer o país que produz tudo isso.
A Mostra de animação brasileira em Annecy, agora, será a maior do gênero já realizada no exterior.

Fundadores e diretores do Anima Mundi, Aída Queiroz, Cesar Coelho, Léa Zagury e Marcos Magalhães selecionaram, em parceria com a Annecy, filmes para cinco mostras: três de curtas-metragens de animação, com um total de 27 filmes emblemáticos de diferentes épocas; uma de séries para a TV (com 10 filmes); e outra de filmes de encomenda (com 32 filmes publicitários, institucionais e videoclipes).

Foram selecionados curtas-metragens de diferentes décadas a partir dos anos 80, quando a produção brasileira começou a ter reconhecimento internacional, ainda que modesto.

Em tempo: parceiro do Festival de Annecy, inclusive trazendo novidades para o conhecimento dos produtores, distribuidores e público no Brasil, o Anima Mundi chega já à sua 26ª edição, com programação marcada para os períodos de 21 a 29 de julho, no Rio, e de 1º a 5 de agosto, em São Paulo.
O Annecy, que começa nesta segunda, 11, toma a semana toda, com encerramento no dia 16, sábado.
Au revoir.
Confira abaixo os selecionados para a programação da Mostra brasileira na França:

Curtas-metragens:

“Meow”, de Marcos Magalhães
“El Macho”, de Ennio Torresan Jr.
“Tuger”, de Guilherme Marcondes
“Castillo Y El Armado”, de Pedro Harres
“Caixa”, de Luciana Eguti e Paulo Muppet
“Chiaroscuro”, de Daniel Drummond
“ED.”, de Gabriel Garcia
“Passo”, de Alê Abreu
“O Projeto do Meu Pai”, de Rosaria
“Caminho de Gigantes”, de Alois Di Leo
“Adeus”, de Celso D’Elia
“Tempestade”, de Cesar Cabral
“Animais”, de Guilherme Alvernaz
“Até a China”, de Marão
“Faroeste: Um Autêntico Western”, de Wesley Rodrigues
“Sob o Véu da Vida Oceânica”, de Quico Meirelles
“Plantae”, de Guilherme Gehr
“Almas em Chamas”, de Arnaldo Galvão
“Quando os Morcegos se Calam”, de Fabio Lignini
“Quinto Andar”, de Marco Nick
“Johan”, de Washington Rayk
“Linear”, de Amir Admoni
“Cartas”, de David Mussel
“QUando os Dias Eram Eternos”, de Marcus Vinicius Vasconcelos
“L.E.R.”, de João Angelini
“Furico e Fiofó”, de Fernando Miller
“Guida”, de Rosana Urbes
Séries de TV:
“Historietas Assombradas para Crianças Malcriadas – Episódio Unicórnias Princesas”, de Victor-Hugo Borges
“O Surreal Mundo de Any Malu – Episódio: 50 Tons de Rosa (Parte 2) – Fatos sobre mim!!”, de Fernando Mendonça
“Oswaldo”, de Pedro Eboli
“O Show da Luna”, de Célia Catunda e Kiko Mistrorigo
“As Aventuras de Fujiwara Manchester / Ep. 05: poesia em movimento”, de Alê Camargo e Camila Carrosine
“Monica Toy” – Episódio Dança dos Toys, de José Marcio Nicolosi
“Meu AmigãoZão” – 2ª temporada, de Andrés Lieban
“Vivi Viravento”, de Priscila Kellen
“Howdy Hardy”, de Henrique Lira e Jonas Brandão
“Osmar, A Primeira Fatia do Pão de Fôrma”, de Ale Machaddo

Commissioned films (Filmes publicitários, videoclipes e filmes institucionais compõem esta categoria):
“Fábrica de Emoções”, de Gabriel Nóbrega
“Jardim”,  de Pedro Luá
“MTV Sex”, de Mateus De Paula Santos
“Rubber Guy” – Salto, de Gabriel Nóbrega
“Mix Brasil Samurai”- abertura, de Mateus de Paula Santos
“Dream”, de ZombieStudio
“A História de Pete”, de Daniel Bruson
“Bass Awards”, de Mateus De Paula Santos
“Thu”, de Tiago Hoisel e Pedro Conti
“Sons da conquista” – Alan Fonteles, de  Daniel Soro e Alexandre Chalabi
“Mundo feito à Mão”, de Luiz Dias
“Caminhada”, de Pedro Iuá
“Funk-Repente”, de Samanta Martins; José Bessa; Mateus Moretto e Claudio Reston
“Espetáculo Cineflix”, de Bruno Bask
“Unicef Unfairy Tales: Ivine and Pillow”, de André Fiorini
“Despertar”, de Daniel Semanas
“Caloi – Uma história de amor dobrável”, de Victor Reis
“UFCecê”, de Tiago Hoisel, Pedro Conti e Derek Henriques
“How the Right Words Help Us to Feel the Right Things”, de Antonio Vicentini
“Depois do Fim do Mundo”, de Flávio Ribeiro de Moura
“The World of Autism”, de Guilherme Marcondes
“O Pinguim e o Urso”, de André Fiorini
“O Mal”, de Carlon Hardt
“Embrapa” – Transformações, de Juliano Rybarczyk
“IBRAC-Taste the new, taste Brasil”, de PG Santiago
“Soldado de brinquedo”, de PG Santiago
“Blood Transfusion”, de Guilherme Marcondes
“Unlikely Hero”, de Guilherme Marcondes
“D&AD “Wish You Were Here?”, de Mateus de Paula Santos
“Guerra ao Drugo”, de Gabriel Nóbrega
“A Troca” , de Mateus de Paula Santos
“Endangered Love”, de Mateus de Paula Santos

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