‘Homens?’, de Fábio Porchat, expõe ‘sexo frágil’: estreia em março
Afinal, quem representa hoje o sexo frágil? Em “Homens?”, nova série de TV criada e protagonizada por Fábio Porchat, o pênis é um personagem que tem voz, literalmente, e conversa com seu portador, digamos assim. Os dois têm diálogos francos sobre as mudanças que vêm deixando toda uma geração de homens completamente perdida. O órgão de Porchat, no caso, é vivido por Rafael Portugal.
Com estreia já marcada para 18 de março, no canal Comedy Central, “Homens?” focaliza os efeitos drásticos sofridos pelo limbo que separa a cultura machista e a primavera feminista que vem se desenhando na última década. São oito episódios, que vão ao ar às segundas, às 22h.
“A ideia desse título é quase provocadora”, conta ele ao TelePadi. “Uma série chamada ‘Homens?’ só pode vir de alguém que não está entendendo o que está acontecendo, mas a brincadeira é justamente falar sobre a inadequação dos homens aos dias de hoje e como os homens estão perdidinhos com tudo o que está acontecendo, com o empoderamento das mulheres”, diz. Daí o ponto de interrogação do título. “Vamos falar muito de como o machismo está entranhado e de como ele faz mal, inclusive para os homens.”
“Meu único lugar de fala enquanto homem branco, hétero, é poder falar dos homens e o que está acontecendo com eles. Porque as coisas mudaram e ainda bem que mudaram, tá tudo muito rápido, já não era sem tempo, e, no fundo, ainda tem tanto pra acontecer.”
Porchat sabe que sua geração é a maior lesada nesse contexto. “Quem já tem mais de 50 anos não vai mudar muito. Quem tem até 22 anos já sabe que tudo mudou. Mas quem tem entre 28 e 40 é de uma geração ainda jovem, que cresceu no meio dessa confusão machista e não sabe exatamente como lidar com esse empoderamento da mulher.”
A ideia da série é escancarar o machismo nas relações amorosas, nas relações familiares, nas relações de trabalho e mostrar como esse mal está impregnado em todos os campos.
Assim como “Sex And The City’ e “Girls”, séries icônicas para as mulheres, inclusive refletindo essa primavera feminista aqui já mencionada, “Homens?” parte de um quarteto de personagens, mas do sexo oposto. Quatro amigos, representados por Porchat, Gabriel Godoy, Gabriel Louchard e Rafael Logan, discutem entre si as questões que os afetam nesse contexto. O elenco se completa com as mulheres, afinal, parte essencial da trama, representadas por Lorena Comparato, Gisele Fróes, Gisele Itié, Miá Mello e Cintia Rosa.
Disposto a refletir por que os homens não conversam entre si, principalmente sobre suas fraquezas, Alexandre, o personagem de Porchat confessa aos outros que brochou. Os amigos o consolam, vá lá, que brochar às vezes é normal. “Não, eu brochei 23 vezes”, ele responde. “Faz um ano que eu não consigo ter uma relação sexual, fui ao médico e ele disse que meu problema é psicológico”, dirá.
Pedro, personagem de Louchard, descobrirá que a mulher tem um caso extraconjugal, e ela assume uma postura até bem pouco tempo comum aos homens que faziam o mesmo. “Ela diz a ele: ‘É isso mesmo, eu tenho um caso, mas é você que eu amo. Só que eu não tenho tesão com você, só gozo com ele'”, relata Porchat.
Há também aquele que será demitido por assédio sexual. A presença de uma mulher na chefia também surge, alterando completamente os hábitos corporativos. “Quando o chefe era homem, a empresa recebia um gringo aqui e levava o cara no puteiro. Agora, a chefe mulher leva o visitante gringo a um restaurante e as mulheres todas do escritório podem participar, o que antes não acontecia no puteiro”, cita Porchat.
“É uma série meio nonsense”, explica ele. “Então, por exemplo tem um personagem que é a minha piroca, o Rafael Portugal é o meu pau, eu converso com ele, ele está chateado, não sabe o que está acontecendo. Tem uns momentos meio surrealistas, é uma comédia, mas é mais no estilo ‘Girls’: você vai dar risada, mas é mais uma mistura de ‘Sex and The City’ com ‘Girls’, só que pela ótima dos homens.”
O quarteto de amigos aqui procura contemplar situações diversas, com a presença de um negro e um cadeirante. A direção é de Johnny Araújo, em coprodução do Porta dos Fundos e a Viacom, que detém 51% do grupo de humor.
“Estou muito otimista”, afirma Porchat. “A gente está fazendo uma série justamente para apanhar. Um cara está brocha, o outro vai ser mandado embora, o outro é traído pela mulher… Se está tudo tão confuso, a proposta é: vamos aprender juntos.”