‘Império’: Drica Moraes vira Marjorie Estiano nos próximos capítulos
Marjorie Estiano deu vida a Cora na primeira fase de “Império”, sendo substituída por Drica Moraes na segunda etapa, algo trivial em novelas e séries que retratam períodos distintos de seus personagens.
O que não é comum é que a atriz mais nova volte a viver o papel depois que essa figura já está mais madura, como aconteceu em “Império” em 2014, quando Drica teve de se afastar das gravações para cuidar da saúde. Naquele momento, após uma semana de folga para tentar recuperar a voz, em vão, a atriz teve de abrir mão da pérfida (e maravilhosa) Cora, vilã da trama de Aguinaldo Silva.
O autor não titubeou: pediu ao diretor Rogério Gomes que trouxesse Marjorie de volta ao texto de Cora. Essa transformação, um caso para lá de excepcional em uma novela, está para acontecer na reprise do enredo, com previsão de ir ao ar no capítulo de segunda-feira (2), na exibição da Globo.
“A Cora foi um dos grandes presentes que eu tive na vida”, contou Drica ao GShow, site de entretenimento da Globo. “Eu já estava completamente curada da leucemia que eu tive em 2010. Já havia feito a novela ‘Guerra dos Sexos’ e ‘Império’ foi a primeira vilã de novela das 9 que tem uma jornada de trabalho bastante intensa, que me demandou muita energia. Então, a partir do capítulo 164, eu sofri uma falta de voz, uma fonia aguda, e não consegui mais comparecer às gravações. Tirei uma semana de descanso mas, mesmo assim, a voz não voltava.”
Apesar do espanto expressado pela imprensa que cobre telenovelas, na ocasião, com vários prosnósticos de que a troca não daria certo, o público aceitou surpreendentemente bem a substituição, porque, basicamente, a novela era um sucesso. A plateia estava altamente envolvida com o enredo do homem de preto, o comendador José Alfredo (Alexandre Nero) e a mesquinhez da apaixonada e invejosa Cora (Drica), que cobiçava o herói da história.
Não é que os telespectadores não tenham nem notado, evidentemente, mas a reação foi sobretudo bem-humorada ao rejuvenescimento repentido de Cora, que passou a ter o mesmo rosto da personagem na primeira fase do enredo, como se fosse puro efeito de uma boa plástica cirúrgica.
O fato de Aguinaldo Silva trafegar normalmente pelo universo do absurdo e do fantástico também conspirou a favor da aceitação da audiência, até em função da facilidade com que o autor opera nessa seara do surrealismo. E, claro, o fato de a troca ter sido motivada por questões de saúde igualmente encontrou no público uma compreensão tácita.
“Era uma quinta-feira”, lembra Aguinaldo Silva ao GShow. “Cora teria cenas da maior importância, ainda não gravadas, no capítulo que ia ao ar na segunda-feira. Pensei apenas alguns minutos, e aí liguei para o diretor da novela e lhe disse: ‘chama a Marjorie!’. Não tinha outra saída. Todo mundo aceitou correr o risco, mas com uma ressalva: ‘se não der certo a culpa é sua!’, disseram. Mas deu certo, sim. Para ser bem sincero, não tive nem tempo para arrancar os cabelos e fazer drama.”
A força do comendador, de certa forma, está calçada na potência desta vilã. Sem um antagonista de fôlego, a magia do herói se reduz, e Cora garante ao mocinho, ou anti-mocinho, um poder inconteste para atrair o foco da plateia. E por melhor que seja Marjorie, a rapidez com que Drica passa do sarcasmo ao drama em suas cenas pede um olhar encantado para o seu trabalho.
Assim, aproveite: a Cora antes da “reforma” física tem só mais quatro capítulos para ser vista.
E a prova de que Marjorie e Drica não são a mesma pessoa poderá ser conferida simultaneamente à exibição de “Império”, com a 4ª temporada de “Sob Pressão”, que estreia no dia 12, tendo as duas atrizes em cena.