Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Jô Soares põe Porchat no palco e o trata como seu substituto na TV

Jô, diretor da peça, faz o papel do juiz: prazer em bater martelo e olho nos atores

Combinado é tratado. Quando esteve no “Programa do Porchat”, na Record, há três semanas, Jô Soares intimou Fábio Porchat a ser um dos 12 jurados convidados a subir ao palco em “A Noite de 16 de Janeiro”, peça de Ayn Rand, que estraria no dia 5 de maio, no Tuca, tendo de novo o próprio Jô no palco – o veterano também assina a direção do espetáculo. Porchat honrou a convocação. Sentou-se ao lado de outros estimados amigos de Jô,como Willen Van Werelt, que por mais de 20 anos foi diretor de seu talk show na TV, uma carreira iniciada ainda no SBT e depois, na Globo.

Ao final do espetáculo, cujo desfecho é definido por esse júri que se reveza a cada sessão, Jô agradeceu nominalmente a Porchat e disse que teve o prazer de ter estado em seu programa, na Record. “Agora eu não preciso mais entrevistar ninguém, porque tem ele”, endossou, tratando o humorista como um substituto seu no ramo dos talk shows.

Miguel Arcanjo entrevista Porchat logo após o espetáculo. Foto: TelePadi Press

Logo após a peça, Porchat conversou comigo e com o jornalista Miguel Arcanjo, blogueiro e crítico de teatro do UOL, atestando sua eterna gratidão a Jô. Foi no palco do programa dele, na Globo, há 18 anos, que o então novato fez sua primeira apresentação como humorista, em público, e foi ali que percebeu, diante dos aplausos da plateia, que era aquilo que queria fazer da vida. A bênção de Jô, na estreia deste sábado, em público, só reforçou a admiração e gratidão do humorista, integrante do Porta dos Fundos, apresentador da Record e do GNT, ao veterano.

Porchat comentou que foi fascinante ter visto a peça de cima do palco, em uma das 12 cadeiras do júri, pois a sensação de espectador se altera completamente. “Você presta uma atenção muito maior a toda a movimentação dos atores e às reações das outras testemunhas quando uma está falando, e tem que ser assim, porque depois temos que votar se a ré é culpada ou não”.

No espetáculo, os jurados convidados devem definir se a ré de um julgamento é culpada ou inocente pela morte de um grande especulador cujo corpo despencou do 50º andar, a cobertura de um prédio de propriedade e nome do próprio morto. Porchat a considerou inocente, opção também marcada por 9 jurados. Jô faz o papel do juiz, e embora tenha pouco texto a dizer, cada frase proferida pelo magistrado vem embalada na graça de quem sabe fazer o público rir sem grandes esforços. Por vezes, o juiz vai esmorecendo diante da dramaticidade dos depoimentos das testemunhas convocadas para a ocasião, para logo em seguida recuperar a postura de neutralidade exigida e esperada de sua função.

O desfecho do espetáculo depende da votação do júri, e para cada opção, há até uma trilha sonora diferente.

O elenco completo. Foto: Divulgação

Tuna Dwek dá um show como a governanta alemã que zela pela moral e bons costumes, na tentativa de defender a imagem do ex-patrão, o milionário morto. Cássio Scapin faz o advogado de defesa da ré, interpretada por Guta Ruiz. O elenco se estende a Erica Montanheiro, Marco Antonio Pâmio, Giovani Tozi, Felipe Palhares, Luciano Schwab, Kiko Bertholini, Mariana Melgaço, Milton Levy, Nicolas Trevijano, Norival Rizzo e Ricardo Gelli.

A noite de estreia foi prestigiada por grandes nomes como Juca de Oliveira, Karin Rodrigues, Renata Melo, Denise Del Vecchio, Danilo Santos de Miranda (diretor do Sesc),  a dramaturga Maria Adelaide Amaral e os jornalistas Bárbara Gancia e Matinas Suzuki, diretor na editora Companhia das Letras, que assina “O Livro de Jô – Uma Autobiografia Desautorizada” com o biografado, e também divide com Jô a tradução de “A Noite de 16 de Janeiro”, peça escrita em 1935.

Em um vídeo apresentado antes do início da peça, Jô conta que se encantou com a chance de entrar em cena para bater o martelo de juiz, o que dá um prazer enorme, sem falar da vantagem que é, para um diretor, vigiar de perto a performance de cada ator.

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A Noite de 16 de Janeiro está em cartaz no Tuca (672 lugares)  até 9 de dezembro.
Endereço: Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes – Informações: 3670-8455
Horários: Sextas, às 21h30, Sábados, às 21h, e domingos, às 19h
Preço: R$ 100,00
Duração: 110 minutos
Recomendação: 14 anos

 

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Cristina Padiglione

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