Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Jornal Nacional ignora diálogo conspiratório contra Mandetta, mérito da CNN Brasil

Estampado nos portais dos principais jornais do país -Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo e até O Globo/G1, além do UOL-, o diálogo entre o deputado Osmar Terra e o ministro Onyx Lorenzoni falando sobre um meio de derrubar o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi solenemente ignorado pelos principais noticiários de outras emissoras, incluindo o Jornal Nacional, da Globo.

A certeza de que o material era relevante está na sua exposição nas primeiras páginas dos principais sites noticiosos e endossa que o processo de fritura de Mandetta conta com o apoio de ministros e parlamentares prontamente obedientes ao presidente.

Boa parte das controvérsias protagonizadas pelo atual governo é ignorada pelas TVs aliadas de Jair Bolsonaro, posição assumida por SBT, Record e RedeTV! A Band não está nesse pacote, mas evita o confronto direto com a turma de Brasília. Daí a expectativa de que a Globo pudesse mencionar o fato, além da grandeza que cabe à líder.

A Globo, no entanto, é a que mais impõe esse modelo de uma emissora ignorar a outra no Brasil, especialmente no que diz respeito a notícias exclusivas de outros canais. A Globo noticia sem restrições reportagens exclusivas da Folha, do Estadão ou de outros impressos, mas não de canais de TV.

Em temporadas de debates eleitorais, assunto que está sempre presente nas primeiras páginas de todos os jornais e sites, mesmo quando o evento é promovido entre concorrentes de jornais impressos, o mesmo não acontece entre os canais de TV: a Globo não noticia os debates na Band, na Record ou no SBT, e vice-versa.

Vem daí todo o espanto encontrado nos programas de humor, de seis anos para cá, quando a Globo menciona a concorrência, e mesmo a surpresa de ver profissionais de outros canais retratados pela emissora (normalmente quando morrem, verdade seja dita, como aconteceu com Ricardo Boechat e Gugu Liberato).

Voltando ao furo da CNN Brasil, o repórter Caio Junqueira ouviu a conversa após ter telefonado às 8h33 para Terra. O deputado atendeu ao telefonema, nada falou e não desligou, o que permitiu que o diálogo de pouco mais de 14 minutos fosse ouvido e gravado, registrando as manobras planejadas para tirar Mandetta do posto e assim agradar ao presidente Jair Bolsonaro.

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Cristina Padiglione

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