Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Jornal Nacional sem presidente: Bolsonaro é citado só uma vez em uma hora

Renata Vasconcellos lê nota sobre arquivamento de denúncia contra Bolsonaro / Reprodução

Em uma hora de edição, fato que tem se repetido desde 16 de março, quando a quarentena em combate ao novo coronavírus se impôs, o Jornal Nacional desta terça-feira (7) citou uma única vez o presidente Jair Bolsonaro e sem imagem. A menção, lida por Renata Vasconcellos, foi só para relatar que a Procuradoria Geral da República arquivou uma denúncia do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) contra o presidente pelo fato de ele ter colocado em risco a saúde da população em discurso contra o isolamento, ao contrário do que pede a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O nome Bolsonaro foi citado ainda outras duas vezes:
1) para lembrar que o deputado Eduardo Bolsonaro ajudou a azedar as relações do Brasil com a China, com ofensas àquela país;
2) para informar que o Ministério Público do Rio contestou no STJ o pedido do senador Flávio Bolsonaro para interromper  as investigações de suspeita de rachadinha durante seu último mandato como deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio.

Todas as menções às decisões em torno da crise provocada pela Covid-19 foram atribuídas ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, figura que teve o maior tempo de exposição na edição, ou ao “governo”.

Procurada pelo blog, a Globo alegou que não havia o que comentar.

O blog apurou que não há determinações na emissora para evitar o nome do presidente, apenas considerou-se que ele não fez ou falou nada que merecesse ser tratado como notícia nesta terça. Um dia depois de quase demitir o ministro da Saúde, no entanto, é sintomático que o presidente não apareça na linha de frente das principais decisões sobre o assunto no noticiário de maior alcance do país.

A Globo tampouco tem reverberado todas as postagens de Bolsonaro nas redes sociais, espaço que ele mais usa para enviar recados aos seus adversários e desafetos, a não ser que ele revele fatos novos nessas mensagens, o que não se deu nesta terça, quando o presidente voltou a defender o uso da cloroquina nos tratamentos em doentes contaminados pela Covid-19, ao contrário do que sustenta o seu ministro da Saúde.

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Cristina Padiglione

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