Juma original, Cristiana Oliveira alerta para seca recorde no Pantanal
Intérprete de Juma, a mais emblemática personagem de “Pantanal”, em sua versão original, Cristiana Oliveira engrossou o coro dos apoiadores ao Pantanal em evento promovido esta semana, em São Paulo, pela ONG SOS Pantanal. A ocasião foi marcada pelo alerta de que estamos, este ano, diante da perspectiva de uma seca recorde na região, com sérias consequências aos incêndios causados por processos de desmatamento e de uma temperatura que só se agrava com os efeitos das extremidades climáticas, crise gerada também por anos e anos de desflorestamento.
O bioma sofreu aumento de 898% nos focos de incêndio neste ano, segundo a WWF-Brasil, num cenário que aponta para um desastre similar ao de 2020, quando cerca de 30% de sua área foi atingida pelas chamas.
Realizada na véspera doDia Mundial do Meio Ambiente, a noite beneficente foi coroada por um show que uniu Seu Jorge e Daniel Jobim em tributo a Tom Jobim, uma maravilha do início ao fim. A abertura foi de Eric Terena e a arrecadação superou R$300 mil, verba que será utilizada em ações naquela que é maior planície alagável do mundo.
Na plateia, estiveram os dois governadores de estado que compõem o Pantanal, Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul – Mauro Mendes e Eduardo Riedel, respectivamente -, que reafirmaram seus compromissos com o Pantanal para além dos acordos de cooperação já oficializados. Entre autoridades também estiveram presentes o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, a deputada federal Camila Jara, o deputado estadual Carlos Avallone Junior, o secretário de Estado de Maio Ambiente, Desenvolvimento, Tecnologia e Inovação do Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, a secretária de Estado de Governo e Gestão Estratégica do Estado do Mato Grosso, Mauren Lazzaretti, o secretário de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso, Nelson Jobim, ex-ministro da Justiça e da Defesa e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Artur Falcette, secretário Executivo de Meio Ambiente do Estado do Mato Grosso do Sul, além do presidente do SOS Pantanal, Alexandre Bossi e os conselheiros Roberto klabin, Teresa Bracher, Pedro Camargo e Raquel Machado.
Embaixadora do SOS Pantanal, Cristiana falou sobre a situação do bioma: “Conheci o Pantanal há 35 anos atrás. Era um Pantanal vasto, diverso na sua fauna e flora. Quando voltei, a única coisa que vi foi a cor cinza. Eu subia o rio Paraguai, olhava do lado direito e já tinha acabado de queimar tudo do lado esquerdo também. O SOS Pantanal tem uma responsabilidade imensa, mas ao mesmo tempo é uma ONG que tem bom senso, que sabe dialogar. Como voluntária, meu envolvimento não é somente de imagem. Sou o tipo de voluntária chata, que quer conhecer e ver tudo, até as consequências, e sempre dos dois lados. Então, sinto-me muito honrada por participar, porque eu sei a seriedade desse trabalho. Viva o SOS, e mais ainda, viva o meu Pantanal”.
A transformação do Pantanal nesses 30 anos que separaram a versão da TV Manchete da releitura da Globo para a obra de Benedito Ruy Barbosa já era algo bastante comentado entre outros atores que testemunharam o cenário em 1990 e agora, novamente, como Marcos Palmeira, presente nas duas versões, e Almir Sater, profundo conhecedor da região e proprietário das fazendas que serviram de locação para o “Pantanal” da Globo, adquiridas por ele logo após a gravação, no mesmo local, do “Pantanal” da Manchete.
As atrações da noite beneficente apromovida pelo SOS Pantanal, realizada na Casa Natura Musical, tiveram o apoio das marcas Natura, Orfeu Cafés, NPND, Chocolates Priscyla França, chef Dani Pimenta, Miroarte e Animacolor, além de patrocínio da Everest e da Fundação Toyota.
Com os recursos arrecadados no evento o objetivo é ampliar o Programa Raízes do Pantanal, que desde 2020 está presente na Terra Indígena Cachoeirinha, onde até o momento já foram plantadas 8.000 mudas nativas, em ação envolvendo 5 aldeias, 150 pessoas das comunidades indígenas e englobando uma área de 80 hectares com 3 nascentes de rios. Os recursos serão investidos no plantio de mais mudas, criação de sistemas agroflorestais com produção de alimentos para a comunidade e restauração de mais nascentes, além de expansão das atividades para outras terras indígenas da região.
Além disso, diversas atividades são promovidas nesta área, incluindo momentos de troca entre o conhecimento técnico de combate a incêndios e administração de plantios, entre outros, e o conhecimento tradicional dos povos originários.
Fundado em 2009, ao longo dos últimos 15 anos o Instituto SOS Pantanal atua na conservação do Pantanal, promovendo o aprimoramento de políticas públicas, a divulgação de conhecimento e o desenvolvimento de projetos para o uso sustentável do bioma. Fomentando as transformações necessárias por meio da ciência e do diálogo com os diversos setores da sociedade civil e poder público, o Instituto também incentiva boas práticas conjuntas entre os setores privado, público e terceiro setor.