Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Longe da Globo, o diretor Luiz Fernando Carvalho cria novo galpão, agora em SP

O diretor em seu galpão na Globo (desmontado após sua saída da emissora), na época da preparação da série 'Dois Irmãos', com Bruna Caram, que viveu Rânia

Com dois filmes em fase de pré-produção, pela produtora Academia de Filmes, o diretor Luiz Fernando Carvalho inaugura em São Paulo, no início de dezembro, um galpão que servirá ao seu processo criativo e preparação de elenco, nos mesmos moldes daquele que ele criou nos Estúdios Globo (ex-Projac), no Rio, para as novelas e séries que dirigiu ao longo dos últimos anos na emissora.

O novo espaço fica no bairro da Vila Leopoldina, que se tornou uma região dominada por estúdios, produtoras e agências de propaganda na Pauliceia. Os filmes em fase de gestação são “A Paixão Segundo G.H.”, da obra de Clarice Lispector, e “Objetos Perdidos”, roteiro do diretor, em parceria com João Paulo Cuenca.

A ocasião merecerá a presença do coreógrafo Ismael Ivo, o bboy Taz Crewest, a cantora Maria de la Riva, a Orquestra Mundana Refugi e a atriz Maria Fernanda Cândido, que trabalhou com Carvalho em “Capitu” e “Dois Irmãos”.

Desde a minissérie “Hoje é Dia de Maria” (2005), até “Velho Chico”, passando por produções como “Correio Feminino”, “O Que Querem as Mulheres”, “A Pedra do Reino”, “Capitu”, “Subúrbia”, “Meu Pedacinho de Chão” e “Dois Irmãos”, o galpão era conhecido na emissora como um local concebido pelo diretor para incentivar a interação de todos os setores de uma produção, promovendo uma imersão completa dos atores envolvidos no projeto no contexto a ser explorado.

Figurino, cenografia, maquiagem, músicos e produção de arte habitavam o mesmo espaço onde o elenco era exaustivamente preparado para mergulhar em seus papéis, na história a ser contada. Pouco antes da estreia de “Velho Chico”, o diretor abriu o galpão para jornalistas e acadêmico interessados em conhecer seu processo de produção, na presença de quase todos os atores da novela. Na ocasião, os profissionais deram seu testemunho – alguns emocionados, como Fabíula Nascimento, que chegou a chorar – sobre a importância da preparação naqueles moldes.

Agora, o processo se mantém para os dois longas em produção, inclusive com boa parte da equipe que acompanhava Luiz Fernando na Globo, como o artista plástico Raimundo Rodriguez, responsável por toda a concepção cenográfica de “Meu Pedacinho de Chão” e “Velho Chico”, e a figurinista Thanara Schonardie, que há várias produções assina a roupagem das produções de Carvalho.

No início do ano, logo após o fim da exibição de “Dois Irmãos”, o diretor e a Globo romperam uma parceria que já durava mais de 30 anos, sendo os últimos três anos de alguns desentendimentos incontornáveis entre Carvalho e outros diretores do alto comando da emissora. O galpão que tanto encantou atores pelo resultado obtido no processo criativo de preparação para séries e novelas foi desmontado assim que se encerraram as gravações de “Velho Chico” (“Dois Irmãos” havia sido gravada antes da novela).

 

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Cristina Padiglione

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