Manhattan Connection preenche vagas de Diogo Mainardi e Pedro Andrade
Âncora e cocriador do Manhattan Connection, programa que se transferiu para a TV Cultura após quase 28 anos na TV paga do Grupo Globo, Lucas Mendes foi tão discreto ao anunciar dois novos integrantes do time fixo da atração, que nem parece que eles são de fato nomes certos no novo elenco.
Mas foi desta forma que apresentou Brian Winter, editor-chefe da Revista Americas Quarterly, brasilianista texano, e Eduardo Mufarej, fundador da Escola política Renova BR e Good Karma, um dos grandes entusiastas da presença de Luciano Huck na política, um autêntico Faria Limer.
No meio da edição desta quarta-feira (16), Mendes destacou: “Vocês estão percebendo que eu não estou chamando nem o Brian nem o Eduardo de convidados porque eles agora são parte deste programa”. “Remadores, remadores”, corrigiu, rindo, Caio Blinder, outro nome da fundação original do Manhattan que segue em cena. Mendes concordou: “Remadores”.
Na apresentação dos nomes desta edição pela página do programa no Facebook, Mufarej é definido como alguém em “participação especial”. Entre os convidados, estavam Marcia Cavallari, CEO do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), e Marcos Ferrari, Presidente-Executivo da Conexis Brasil Digital, ex-secretário de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento e ex-secretário adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda.
A chegada de Mufarej e Winter ocorre um mês e 12 dias depois de Diogo Mainardi anunciar que pediu demissão de seu lugar à mesa do Manhattan Connection, grupo do qual fazia parte desde 2003, sendo seguido na mesma atitude por Pedro Andrade na semana seguinte. Desde então, o programa vem reocupando a cadeira de Andrade no estúdio e o link que antes Mainardi fazia de Veneza com convidados extras. Só o publicitário Nizan Guanaes esteve no estúdio, montado no Hotel Fasano em Nova York, por três vezes nesse período.
Mainardi pediu para sair, segundo ele, para evitar pressão interna da TV Cultura em cima do Manhattan. O programa foi cobrado a se desculpar por conselheiros da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da emissora vinculada ao governo de São Paulo, após Mainardi encerrar uma edição xingando no ar o advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.
Mendes tentou explicar que era só uma alusão a uma fala de Fábio Porchat, convidado também daquela edição, mas o xingamento surgiu mais de meia hora após o humorista ter deixado o programa e bem em seguida à despedida de Kakay, a quem Mainardi hostilizou durante toda a participação naquela edição.
O âncora lamentou publicamente a saída do colega e amigo, defendeu sua boa educação e estofo intelectual, e afirmou que, sem Mainardi, o programa perderia a graça. A ideia, desde então, era manter o contraditório para alimentar o debate.
Pelo menos nesta estreia, a discordância de ideias se manteve em campo bastante civilizado, mas foi muito discreta, quase nula. Na busca de divergências a fim de abastecer a pluralidade de pensamentos e reflexões, essa sucessão de dois homens brancos por outros dois homens brancos perdeu uma boa chance de escalar alguém de outro sexo ou de outra cor em um quarteto que conjuga uma só cor e um só gênero, combinação que de fato não favorece o debate.