Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Manoel Carlos, contador de boas histórias, no ‘Ofício em Cena’

“Amor, ódio, inveja e ciúme se parecem em todas as línguas, em todos os países, em todas as famílias.”

A frase é de Manoel Carlos e está no “Ofício em Cena” que a GloboNews leva ao ar nesta terça, 25/10, às  23h30.

Bianca Ramoneda se transforma na melhor das terapeutas quando o assunto é esmiuçar o processo criativo da televisão.

Assim, nada se compara ao “Ofício em Cena”, programa que coloca grandes criadores sob os holofotes para falar e refletir sobre a arte que se impõe na televisão, a despeito de todo o processo industrial e da necessidade de vender sabonetes.

Nesse contexto, só um programa só com Manoel Carlos é pouco. Novelista que faz TV desde que a cena se desenhava em preto e branco e incêndios criminosos consumiam imagens de acervo preciosas, enfim, desde que segunda tela era só um televisor a mais na casa, ele conhece o conjungo da obra como poucos.

Manoel Carlos pisou na TV em 1951, apenas um ano após sua inauguração, o que o levou a atuar em vários degraus da cadeira criativa. Passados 65 anos, 15 novelas e muitos outros trabalhos na TV e no teatro, como autor, diretor, produtor e até ator, Manoel Carlos encara a sabatina de Bianca.

Prestigiado por uma plateia lotada de estudantes e profissionais do meio, como a atriz Lilia Cabral, Maneco diz: “Dizem que eu faço uma dramaturgia realista, naturalista, mas eu não acho nada disso. Procuro apenas fazer uma coisa verossímil.” Exemplo que pode ser tomado com seu vizinho: “Você se apresenta, oferece um café, começa a conversar, ela vê a foto da sua família, pergunta o que você faz… Pronto, a novela já começou. Eu me preocupo que seja assim, um bate-papo”.

“Novela é que nem um carro, só começa quando você liga o motor. Não penso muito no que vou escrever. A audiência tem muita importância, a repercussão também, vejo se as pessoas gostaram, se está bem amarrado e vou construindo para dar certo. E mudo muito com as sugestões das pessoas”, revela.

Conhecido como um dos autores que escreve capítulos em cima do prazo para sua exibição, Maneco gosta de brincar que o ideal seria ler o jornal do dia para escrever o capítulo do dia seguinte. O apreço pelo harnews se reflete em sua obra. Quando fez “Por Amor”, leu no jornal que, no interior do Ceará, uma mãe que havia dado à luz no mesmo dia que a filha trocou os bebês ao saber que o neto tinha morrido. “A troca de bebês foi um acontecimento porque ninguém acreditou que aquilo fosse possível. A Regina Duarte me ligou perguntando se eu achava mesmo necessário colocar essa cena. Foi uma comoção geral na época. Essas coisas parecem absurdas mas são muito possíveis”, reflete o autor, quase 20 anos depois.

 Maneco costuma dizer sempre, e bem tem razão nisso, que as pessoas exigem mais verossimilhança da ficção do que da realidade.

“Ofício em Cena”: terça-feira, dia 25, às 23h30, na GloboNews.

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Cristina Padiglione

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