Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Mara Maravilha à casa torna, e vira fofoqueira no SBT

fofocando

Mara Maravilha – para quem tem menos de 25 anos, convém avisar que trata-se de uma apresentadora infantil criada sob os domínios da TV de Silvio Santos, entre os anos 80 e 90 – está de volta à rede do patrão. A baiana se junta ao time do ‘Fofocando’, programa com Leão Lobo e Mama Bruschetta exibido diariamente no início da tarde. Sua função naquela bancada será comentar as ‘notícias’, até como alguém que se distanciou desse universo de celebridades onde só importa quem está em evidência.

Evangélica, Mara sumiu de cena há pelo menos 20 anos, aparecendo, vez ou outra, como entrevistada de programas que procuram explorar ícones vintages ou fora do circuito, na linha “por onde anda?”

Algumas figuras nascidas e criadas no SBT sempre terão a marca da emissora do seu Silvio Santos estampada no rosto. Nessa categoria, ninguém tem mais a pele do SBT que Mara Maravilha.

Houve um tempo na TV aberta brasileira (e de novo me dirijo a quem tem menos de 25) que apresentadoras infantis disputavam a atenção e preferência das crianças, como se fossem times em busca de torcida. Xuxa era rainha. Mara e Angélica, suas súditas. É um tempo sem volta. Xuxa foi substituída por um programa de bonecos, o ‘TV Colosso’, em 1993. Foi a forma que a Globo encontrou para endossar o caráter de insubstituível àquele ídolo alimentado sob seus holofotes.

Era o início do fim da era das apresentadoras infantis fazendo papel de recreadoras entre um punhado de animações enlatadas. As crianças nascidas pós reinado de Xuxa, com Mara e Angélica nas vias periféricas, perderam a referência de um ícone nacional e passaram a descentralizar seu foco de idolatria entre várias atrações, em geral de fora, nichadas para diferentes idades.

Até ali, a turma da Vila Sésamo, do Sítico do Picapau Amarelo, do Professor Tibúrcio de Marcelo Tas ou do Nino do Castelo Rá-Tim-Bum, eterna imagem colada a Cássio Scapin, e mesmo das apresentadoras-recreadoras de auditório serviram de referências às gerações de determinado período.

Os pequenos de hoje se espelham na Pepa Pig, nos Youtubers, no brasileirinho Peixonauta (e o nascimento da indústria de animação nacional é algo a ser celebrado no contexto atual), mas falta-lhes um ícone, um rei, um herói. Não sei dizer se é de todo ruim. O domínio da era das apresentadoras sobre o consumo das crianças era algo arrebatador, assustador.

Tudo isso só pra dizer que a Mara voltou e para contextualizar as novas gerações sobre um tempo em que as crianças gritavam por essas mulheres como se elas fossem o quarteto de Liverpool.

Sou mais a dona Benta, a da Zilka Salaberry. Chorei quando ela morreu. Toda vez que vejo Tonico Pereira, não importa se é como o chefe escroque do Lineu na ‘Grande Família’ ou como o asqueroso Ascânio (‘A Regra do Jogo’), só consigo lembrar dele com todo o afeto que Zé Carneiro me propiciava. Minha Narizinho era Rosana Garcia, que deixou a TV de lado e continua linda, e minha Emília, a Dirce Migliacio, uma das irmãs Cajazeiras de ‘O Bem Amado’.

Como quem acha que sua infância foi melhor que a dos outros, fico com as minhas referências.

 

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Cristina Padiglione

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