Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Morte de cachorra em “Amor de Mãe” remete a “O Poderoso Chefão”

Amanda acorda em meio ao sangue da cachorra Princesa em "Amor de Mãe"/Reprodução

No capítulo deste sábado (28) da novela “Amor de Mãe”, Amanda (Camila Márdila) acorda no meio da noite e se vê suja de sangue. Ao remexer os lençóis da cama, em seu modesto trailer, ela encontra o corpo de Princesa, sua linda cachorrinha, assassinada. Trata-se de um recado de Álvaro (Irandhir Santos), o poderoso dono da PWA, onde ela trabalhava até aquele dia como secretária e espiã.

A cena remete a uma marcante sequência de “O Poderoso Chefão”, primeiro filme da trilogia de Francis Ford Coppola, em que Jack Woltz, um diretor de cinema vivido por John Marley acorda coberto de sangue e ao lado da cabeça de seu cavalo mais estimado e caro. Sobre essa passagem, conta-se que Marley estava sob a impressão de que a cabeça era cenográfica, mas Coppola decidiu colocar ali uma cabeça de cavalo de verdade, o que na época desagradou muitos ativistas de direitos dos animais.

John Marley em meio ao sangue do cavalo em “O Poderoso Chefão”

No filme, o chefão Vito Corleone (Marlon Brando) manda pressionarem o cineasta a dar a Johny Fontane (Al Martino), um jovem cantor apadrinhado por ele, o papel principal de seu próximo filme. Como o diretor resiste e se nega a tanto, os emissários de Dom Corleone se encarregam de assassinar o cavalo de raça que ele havia exibido ao seu interlocutor na véspera.

Ao contrário de Amanda, Woltz mora em uma mansão emoldurada pela ostentação e dorme em pijama de seda, entre lençóis de seda, o que torna a cena com a cabeça ensanguentada do cavalo ainda mais chocante.

No caso de “Amor de Mãe”, como se trata de uma novela, a cena pega bem mais leve. O público só vê que há algo ensanguentado na cama e ouve a personagem telefonar para Marina (Érika Januza) e relatar o que houve.

Embora a autora da novela, Manuela Dias, e o diretor artístico, José Luiz Villamarim, tenham enfatizado que essa história não tem vilões ou mocinhos, não é bem assim. Todos os personagens têm seus defeitos bastante evidenciados, mas é cristalina a distinção entre o mal e o bem na galeria de tipos ali disposta. Há quem cometa pequenos delitos por erro humano, como todo mundo, e há quem viva para pisar nos outros, sem piedade, o que é o caso de Álvaro, notoriamente vilão, sim.

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Cristina Padiglione

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