Sem medo de ser feliz: ‘SexPrivé Club’ fala de sexo a partir do olhar feminino, na Band
A Band lança nesta madrugada a seguir, de sábado para domingo, às 3h, logo após o Cine SexPrivé, sessão de filmes eróticos, o “Sex PrivéClub”, roda comandada por três mulheres que prometem colocar o espectador em sintonia com o autoconhecimento e o conhecimento alheio para ser feliz por meio deste ato que, direta ou indiretamente, trouxe todos nós ao mundo. Mas a proposta é mais direta do que essa digressão: falar de sexo sem pudor e com diversão.
A jornalista e cineasta Krishna Mahon, dona de uma bem sucedida carreira como executiva na TV paga, se faz acompanhar de Érica Vieira, uma expert em sexo, e da atriz e influenciadora do universo pornô Maru Karv, que já apresenta o “Manda Nudes” com Krishna no canal Sex Privé, do grupo Bandeirantes (Newco Pay TV).
De tempos em tempos, a televisão toma coragem para falar sobre esse tema que nos é essencial, desde que Marta Suplicy veio dar a real sobre orgasmo e vagina no TV Mulher (1980). De tempos em tempos, essa disposição sai de cena e voltamos a ficar encabulados só de ver alguém tocar no assunto. A Band vive o momento da primeira alternativa, que bom, e o horário permite que as meninas falem e expliquem à vontade o que vale para ser feliz.
“A gente pega essa pessoa que sintonizou ali para isso, e deixa ela com lastro de outras mensagens, para se aceitar, para se amar, e consequentemente ser mais feliz”, explica Krishna em conversa com o blog. “Se você for só pela pauta cerebral, não consegue falar com todo mundo. Através da zoeira, a gente consegue falar dessas coisas tão profundas, de as pessoas aceitarem os seus corpos e os seus desejos”.
A bagagem adquirida pelo programa do SexPrivé, podcasts e afins sobre o tema tem surpreendido a jornalista, que diz que recebe muitos nudes de espectadores interessados em seduzi-la, mas nada agressivo. Krishna tenta responder a todos, explicando que essa é uma abordagem equivocada para ser feita com desconhecidos, no mínimo.
“Daí tem cara que manda nude com oração, dizendo ‘fica com Deus, linda’. Eu digo que é o ‘nude ungido’. São analfabetos emocionais, eles acham que o nude e a oração são uma forma de falar ‘gosto de você’. Eu digo: ‘Cara, não mande nude pra ninguém, que não é legal mandar, mas eu te entendo’. Aquele cara não sabe falar de outra forma.”
Outra: “O cara diz que quer uma mulher de tal e tal jeito, e a gente explica: ‘amor, é uma pessoa, não é um objeto’. O cara quer fazer o que ele quer, sem saber o que a mulher quer, e a gente diz: ‘O que você está querendo é uma mulher inflável ou uma puta, não é mulher da vida real'”.
Krishna avisa que é contra a objetificação feminina de qualquer forma, “mas sou a favor de a mulher fazer o que ela quiser com o seu corpo.”
A conversa não se atém a ensinamentos filosóficos, longe disso, mas a ideia é abordar questões práticas para alcançar alguma reflexão, especialmente no que diz respeito a derrubar o gigantesco machismo estrutural que ainda permeia relações hétero.
Dicas como a de que clitóris não é chiclete para ser puxado pelos dentes prometem ajudar muitos meninos e meninas a encontrarem caminhos mais bacanas para suas relações.
Entre os quadros estão contos eróticos, um top 5 de cenas de filmes adultos e pílulas sobre dúvidas do que ainda é tabu para muitas pessoas. Erica protagoniza a seção Dicas da Erica, sempre com um toque esperto para colocar em prática. Já Maru Karv mostra que adora uma sacanagem e vai surpreender quem ainda não a conhece.
As meninas falam de tudo com muito respeito ao ato em si, ou seja, sem pudores trazidos por fatores externos, tudo pelo êxito do orgasmo. “Eu sempre digo às mulheres: garantam o seu primeiro”, diverte-se Krishna, subvertendo a ordem imposta pela maioria dos machos.
Convidadas vão animar as madrugadas nesse mesmo embalo. Krishna menciona a comediante Bruna Braga, “maravilhosa”, e Mel Fire, ex-atriz pornô, que já faz sucesso pelo Sex Privé.
Sobre o universo pornô, a jornalista lembra que “essa ainda é uma indústria de meninos, muito de hétero macho”, que privilegia ângulos, cenas e situações muito pouco confortáveis às mulheres na vida real. Concordamos que os filmes do gênero são feitos para satisfazer a câmera e o olhar do homem, raramente o da mulher.
“O dia em que as mulheres entenderem que o toque é pelo prazer delas, tudo vai melhorar: é preciso se conhecer. Tem mulher aparentemente bem resolvida, adulta, que nunca botou um espelhinho na vagina para ver como é lá embaixo”, completa nossa apresentadora e educadora sexual.