Não gosta de teatro? Experimente ver Marcelo Médici e Ricardo Rathsam ao vivo
Atenção à contagem regressiva. Entramos na penúltima semana para ver em São Paulo o ótimo “Teatro Para Quem Não Gosta”, espetáculo criado e protagonizado por Marcelo Médici e Ricarto Rathsam, em cartaz no Teatro Faap. O título é uma grande provocação para atrair quem apresenta alguma resistência em frequentar plateias de teatro, mas em se tratando do histórico dos dois artistas em cena, também autores e diretores da peça, o nome fisga com louvor o público que ama teatro. A bem da verdade, sim, trata-se de uma grande homenagem a esta arte milenar.
Médici e Rathsam têm como ponto de partida a questão: “o teatro está morto?”. A dupla se desdobra então em 32 personagens, adotando, para tanto, uma frenética e divertida troca de figurinos. Abro aqui um parêntese para lembrar que Médici, para além de toda a fama conquistada pelos programas humorísticos na TV, do SBT à Globo, passando pelo Multishow, encenou uma das versões da lendáia “O Mistério de Irma Vap“, sob direção da mesma Marília Pêra que dirigiu a montagem brasileira original, com Ney Latorraca e Marco Nanini, e onde a troca de roupas era uma atração à parte.
Em “Teatro Para quem Não Gosta” também é. E Ratsham, que dirigiu Médici na longeva “Cada um Com Seus Pobrema”, onde oito personagens se revezam na pele do ator, tem experiência à altura nesse negócio de tirar e colocar perucas, vestidos e outros apetrechos, o que garante a gargalhada da plateia até perder o fôlego.
Para traçar um panorama da arte do teatro desde a Antiguidade até hoje, o par passeia por clássicos como “Édipo Rei” e “Romeu e Julieta”, transita pelo teatro de revista, pelo universo infantil, musicais e stand-up comedies.
“Brincamos que o teatro está acabando porque a gente vive uma grande crise econômica e claro que a bilheteria está refletindo esse problema. Já passamos pelas inovações do rádio, cinema, TV e agora outras plataformas, como a internet. O público sempre fica. O teatro persiste, é eterno. E aí a gente conta a história do teatro. De uma forma cômica, claro”, descreve Médici.
No fim das contas, é bem verdade que “Teatro Para Quem Não Gosta” é uma declaração de amor ao ofício.
“Tem muita gente que não costuma frequentar o teatro, mas vem atraído pelo título”, diverte-se Rathsam. “Fiz um trabalho de pesquisa para escrever o texto, mas a ideia não é dar uma aula. Pretendemos contar a história do teatro, sem didatismo”, fala.
Médici lembra que a ideia da peça surgiu quando viu Jô Soares falando, na TV, que o italiano Vittorio Gassman fazia a história do teatro em 1 hora. “Era um solo. Fiquei com isso na cabeça, durante uns 10 anos. E agora, eu e Ricardo, responsável por 90% do texto, estamos em cena.”
“Teatro Para quem Não Gosta” é mais um resgate de espetáculo criado antes da pandemia. A peça estreou em agosto de 2018, em São Paulo, e foi contemplada como melhor comédia daquele ano no Prêmio de Humor organizado por Fábio Porchat. Foi indicada também como melhor comédia ao prêmio Risadaria.
E como o teatro é um ser vivo, que muda a cada apresentação, de acordo com o estado de espírito que rege as ações dos atores e as reações de uma plateia diferente a cada dia, esse retorno da peça também trouxe novos elementos após quase quatro anos de distância da estreia.
“A gente sempre procura melhorar tudo.Mesmo no ‘Cada Um’, depois de dez anos em cartaz, a gente mudava cosas no último dia”, revela Rathsam. “Dessa vez, nós pudemos dar um upgrade em cenário e o texto é sempre atualizado. Tinha uma cena que contava com participação do público, que por conta da pandemia, achamos melhor mudar. E acabou ficando melhor. Até o final da peça agora termina mais alto astral”, completa.
Médici acrescenta: “Deixamos a peça mais solar. Depois de pandemia… Até a arte da peça ficou mais feliz. Fora todo o ritmo da peça, que está bem ágil, as trocas que surpreendem, essas coisas. A gente fica louco pra dar um gole d’água em cada troca, mas não dá tempo”, conta.
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“Teatro para quem não Gosta”
Texto e elenco: Marcelo Médici e Ricardo Rathsam
Temporada: de 11 de março a 1º de maio
Dias e horários: sextas, 21h; sábados, 20h; domingos, 18h
Classificação etária: 14 anos
Duração: 90 minutos
Valores: R$ 100,00 (inteira) e R$ 50,00 (meia-entrada)
Bilheteria física: TEATRO FAAP – Rua Alagoas, 903 – Higienópolis, São Paulo – SP, 01242-902
de quarta a sábado, das 14h às 20h. Domingo das 14h às 17h. Em dias de espetáculos até o início da apresentação.
Bilheteria online: https://teatrofaap.showare.com.br/
Televendas: 11 3662-7233 / 11 3662-7234
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TURNÊ
As apresentações no Teatro Faap vão até 1º de maio. Mas uma turnê por dez cidades já tem datas agendadas até outubro. Confira abaixo:
