Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

No dia em que desmonta pauta bolsonarista de Lacombe, Band revela mais sobre Queiroz e Wassef

No mesmo dia em que desmontou o programa Aqui na Band, que vinha sendo pautado pela bandeira bolsonarista, sem contraponto, a Band trouxe fatos inéditos sobre as relações entre Fabrício Queiroz, ex-assessor e motorista da família Bolsonaro, investigado no escândalo da Rachadinha da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), e Frederick Wassef, advogado de Flávio e Jair Bolsonaro.

Segundo reportagem de Rodrigo Hidalgo para o Jornal da Band desta quinta-feira (25), o ex-motorista e segurança da família Bolsonaro, Fabrício Queiroz, que teria pagado contas pessoais do atual senador com dinheiro vivo recolhido entre os funcionários de seu gabinete como deputado estadual, já morou em outro imóvel de Frederick Wassef.

Segundo testemunhas ouvidas por Hidalgo, Queiroz passou cinco meses em um apartamento da família do advogado no Guarujá. Foi na casa dele, em Atibaia, que a polícia civil o prendeu na quinta-feira (18),onde já estaria há mais de um ano.

Wassef tem dito que nunca conversou com Fabrício Queiroz e nem o conhece, sem conseguir explicar o que o ex-motorista fazia em sua casa. Outras testemunhas, além do caseiro de Atibaia, reforçam que Queiroz estava no imóvel havia mais de um ano.

Também no JN desta quinta-feira (25), foi demonstrado que Queiroz esteve com Wassef em um hotel de Atibaia há mais de um ano, tendo inclusive pagado por sua diária.

A Band mostrou que vizinhos de Wassef no Guarujá também reconheceram Queiroz.

E como aconteceria em um roteiro sem grande verba de produção, daqueles em que o produtor tem que se virar para resolver todos os conflitos em curta distância, pois não há dinheiro para viagens, episódios muito relevantes da política nacional se desenvolvem em dois municípios coincidentes: assim como as condenações e suspeitas contra as quais o ex-presidente Lula luta na Justiça, a família Bolsonaro se vê atrelada a histórias protagonizadas em Guarujá e Atibaia, como se isso fosse um filme B.

A matéria de Hidalgo nesta quinta foi mera coincidência. A reportagem consumiu cinco dias de apuração e só hoje estava em condições de ser levada ao ar. Já o Aqui na Band desmoronou nesta quinta, um dia após a contratação de Mariana Godoy e dois dias após a pauta que constrangeu o departamento de jornalismo da emissora, dando espaço ao blogueiro Allan dos Santos, investigado por acusações de Fake News, para falar sobre conservadorismo.

Não é que a emissora nade contra o pluralismo de opinião e a liberdade de expressão, como insinuou Lacombe em seu Instagram. Santos poderia estar ali para esclarecer sobre os crimes de que é acusado, isso seria legítimo. Mas dar voz comportamental a um sujeito investigado por participar de uma indústria de notícias falsas que vão contra a cartilha ética que a Band dedica à profissão de jornalismo, seu maior cartão de visitas, significa debochar da credibilidade da própria emissora e tratar o blogueiro como alguém credenciado para justificar argumentos sobre o assunto tratado. No caso do Aqui na Band, Allan participou de um debate sobre o conservadorismo no país.

Em tempo: assim como seu foco de defesa, Jair Bolsonaro, o apresentador Lacombe não tinha o hábito de usar máscara de proteção contra a contaminação da Covid-19. Ele chegou a ser alertado por agentes de segurança da emissora em mais de uma ocasião para fazer uso da máscara, sem contudo obedecer às normas de segurança da casa.

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Cristina Padiglione

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