Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Nova comédia da Globo escala 3 bebês para 1 personagem

George Sauma e Renata Gaspar são os 'Pais de Primeira' na nova comédia da Globo. Foto: Estevam Avellar/Divulgação

Três bebês vão se revezar no papel de Lia, a pequena que justifica toda a transformação na vida de Taís e Pedro – papéis de George Sauma e Renata Gaspar – na nova série de comédia da Globo, “Pais de Primeira”. As meninas têm três meses e nenhuma delas pode ficar nas dependências da emissora por mais de quatro horas, como manda a regra da casa.

Assim explica o diretor da série, Luiz Henrique Rios. “Nenhuma criança fica mais do que quatro horas na TV Globo. Tem um berçário e uma assistente social sempre à disposição. A gente estando pronto, o bebê entra e faz o que tem de ser feito, se ele se dispuser. Se não se dispuser, não grava. Tem sempre duas bebês disponíveis, porque uma pode estar mais chorosa que a outra. E outra coisa é que nenhum deles grava em dias subsequentes, sempre tem 48 horas de descanso depois de gravar.” Na Globo, conta Rios, essas normas valem para crianças de até 3 anos.

A equipe conta também com um conjunto de bonecos, muito utilizados em cena, e tem até um que simula respiração. “A gente faz uma combinação de imagens dos bebês com os bonecos. Os bebês têm uma dinâmica muito própria. No dia que tem bebê, ninguém fala muito no set e o set tem outra temperatura, nem quente nem frio.”

A estreia está programada para novembro, nas tardes de domingo, antes do futebol.

O diretor Luiz Henrique Rios e o autor Antonio Prata. Foto: Estevam Avellar/Divulgação

De Antonio Prata, colunista da Folha, “Pais de Primeira” é escrita por ele, com Thiago Dottori, Chico Mattoso, Bruna Paixão e Tati Bernardi – “que gostou tanto da experiência, que saiu da equipe para virar mãe”, brincou Prata, na entrevista coletiva que reuniu jornalistas nos Estúdios Globo, nesta terça, no Rio.

Com seis episódios, o enredo se debruça sobre as grandes surpresas e perrengues que se apresentam diante da chegada do primeiro filho. Um elenco grifado compõe o quarteto de avós, todos jovens para o cargo: Marisa Orth e Daniel Dantas são os avós paternos, e Heloísa Perissé e Nelson Freitas, os maternos.

O elenco se completa com Monique Alfradique, que faz a cunhada treinadíssima sobre filhos, irmã de Taís, casada com o personagem de Rodrigo Ferrarini. Alejandro Claveaux faz o amigo de Pedro, aquele tipo sem noção que não se conforma de ter perdido um grande parceiro de baladas e afins para mamadeiras e fraldas sujas.

Prata conta que há uma inversão de clichês: sempre vista como a chata neurótica, a mãe, aqui, deixa essa pecha para o pai, normalmente tratado como parte mais relapsa. Taís é a tranquilona, enquanto Pedro se empenha em ler tudo sobre bebês e exigir que todo mundo se banhe em álcool em gel antes de tocar na bebê.

“Ele tenta ajudar, e na tentativa de ajudar, esculhamba”, diz Prata. “E o George Sauma com aquele olho dele, que vai abrindo como um cartoon, vai apavorando a Taís”, completa o autor.

A primeira temporada retratará a vida da pequena Laís até os três meses, que é o período mais crítico para pais, em especial os de primeira viagem, como anuncia o título da série. No primeiro episódio, Taís descobre a gravidez e se inicia uma maratona de dúvidas e ansiedade. No segundo, vem o parto – “e ninguém sabe por que vão visitar a mãe daquele jeito, na maternidade, mas é um traço cultural nosso”, ri o diretor. O terceiro episódio enfoca o primeiro dia em casa. No quarto, o pai volta para o trabalho.

“Quando meus filhos nasceram, no primeiro, ainda não tinha licença-paternidade”, conta Rios. “No segundo, já havia quatro dias. Hoje, são 20. Puxa, quase somos um país. Na Suécia, os pais podem ficar dois anos sem trabalhar, desde que eles escolham quem vai ficar e por quanto tempo, mas a mulher pode ficar os dois anos, ou ficar um ano e depois o pai fica outro ano, ou podem se revezar a cada seis meses, como for da vontade deles. De qualquer forma, a gente melhorou muito”, acredita o diretor.

Prata lembra que o pai, músico que ganha a vida criando jingles para comerciais, estará contaminado pelo ritmo de “Cai cai balão” quando voltar ao trabalho, sem conseguir produzir uma trilha para um comercial de celular, com pegada descolada para jovens consumidores.

O quinto episódio joga luzes sobre a primeira saída da mãe após o parto. E no sexto, que já está em gravação, o casal se vê às vésperas do réveillon completamente exausto, sem dinheiro para babá, com aquele pequeno ser em casa e já brigando a ponto de quase se separar. O mundo parece que está acabando, quando os dois resolvem dar uma festa e largam a bebê com os avós.

A Globo já aprovou uma segunda temporada da série, dessa vez com 14 episódios. Prata e equipe já têm 14 sinopses engatadas, ainda sujeitas a aprovação da direção, mas a ideia é levar a segunda safra de episódios até o aniversário de 1 ano da pequena. Até lá, o que não faltam são situações de perrengue e afeto que, vistas a distância, são fartamente servidas de comicidade.

“Pais de Primeira” tem todas as peças para promover uma forte identificação com quem já passou por isso, mas também tem boas chances de ser assimilada por quem não viveu a experiência de ganhar um bebê. “Quem não tem filhos já foi filho e conhece o outro lado da relação”, exemplifica Prata. “E todo mundo conhece essa relação de ver amigos, vizinhos, primos ou irmãos quando vem o primeiro filho”, continua. “Eu digo sempre: ‘se quiser ter dois filhos, tenha o segundo antes porque é bem mais fácil que o primeiro'”.

 

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Marisa e Daniel lembram como foram os seus primeiros dias como pais – tanto ele como ela têm apenas um filho, de mesmo nome: João.

 

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