Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Nova série brasileira da HBO Max resgata história real de esperança em meio ao pânico trazido pelo HIV

Jonnhy Massaro e Bruna Linzmeyer são comissários de bordo que contrabandeiam AZT para vítimas de HIV no Brasil, nos primeiros anos de Aids, na série 'Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente', da HBO Max / Divulgação

Nos tempos em que HIV parecia obra de ficção científica para muita gente, e em especial para os gays (apontados por anos a fio como “grupo de risco”), alguns comissários de bordo que faziam a rota aérea Brasil-EUA contrabandeavam de tudo um pouco – inclusive AZT, primeiro medicamento formulado para combater os efeitos da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Sida, ou Aids no termo universal, em inglês) e ainda vetado aqui pela Anvisa.

Estamos então na década de 1980. Esse é o mote de “Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente”, minissérie brasileira em cinco episódios que chega neste domingo (31) à HBO e ao streaming HBO Max, a partir das 23h. Um novo capítulo será apresentado a cada domingo, no mesmo horário, ficando simultaneamente disponível por VOD na HBO Max.

O elenco é encabeçado por Johnny Massaro, que vive Nando, gay bem resolvido com a vida sexual – embora ainda no armário para a mãe. Mesmo diante dos primeiros casos que testemunha, o rapaz, comissário de bordo habituado a contrabandear perfumes e outros produtos para amigos e conhecidos, duvida muito daquele negócio de Aids – até se dar conta da própria infecção.

Bruna Linzmeyer e Ícaro Silva também estão no cast central. A direção-geral é de Marcelo Gomes, com roteiro de Patrícia Corso e Leonardo Moreira, e produção da Morena Filmes, de Marisa Leão.

Em meio a todos os cuidados com o conteúdo que envolve a Aids e os cruéis preconceitos revelados na época, a produção teve o cuidado de reproduzir a estética que remete a um filme antigo, por meio de câmeras que produzem imagens dignas das décadas passadas.

Ao blog, Carol Minêm, diretora da série ao lado de Marcelo Gomes, relata o seguinte: “além da nossa câmera de cinema atual, usamos VHS, Super 8, Ikegami e 16mm. A ideia foi misturar essas texturas, captando parte das imagens com essas câmeras e combinando também com material de arquivo, para que tudo fluísse de forma natural e remetesse aos anos 80. No total, foram quatro variações de câmera, além da principal, que seria a quinta”.

A história dos comissários de bordo é real e foi contada pelo jornalista Leandro Machado no site da BBC News Brasil, em fevereiro de 2020. Na vida real, esse foi um filme que coube à Varig, companhia que fechou as portas em 2010.

O título remete ao atraso do governo brasileiro em importar os poucos medicamentos que poderiam prolongar a vida das pessoas à época.

Para as gerações nascidas de 2000 para cá, habituadas a verem tanta gente convivendo com o HIV sem alarde, “Máscaras de Oxigênio” relembra o cenário dramático desenhado a partir da descoberta da doença, na década de 1980, quando o simples diagnóstico representava uma sentença de morte. Mesmo para quem viveu aqueles dias, como esta jornalista, não deixa de ser chocante lembrar como a Aids impactou toda uma geração que se achava livre para voltar a se manifestar – inclusive sexualmente – após anos de censura.

 

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Cristina Padiglione

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