Odete Roitman está de volta, para celebrar 30 anos de ‘Vale Tudo’
O Canal Viva negou até ontem a confirmação, solicitada por este blog, da informação que circulava fortemente entre os noveleiros profissionais: a de que “Vale Tudo” será reprisada mais uma vez pelo canal.
Nesta sexta, veio a confirmação, não pelo Viva, mas pela página da colunista Patrícia Kogut, no jornal “O Globo”. Embora até ontem o canal me informasse que não tinha essa decisão acertada, a reprise já estreia em junho, uma definição de prazo recorde, capaz de causar inveja a Silvio Santos, que adora dar pitacos na grade de sua TV do dia para a noite.
“Vale Tudo” entrará no ar às 15h30 e 0h30, na vaga de “Bebê a Bordo”, que terá sua duração reduzida em razão da baixa audiência e vem sendo retalhada, como nunca antes uma novela foi no Viva, o que gerou uma série de protestos na web – a notícia foi dada pelo TelePadi em primeira mão. A estratégia para resgatar audiência tropeça ainda na época: em junho, estaremos em plena atmosfera de Copa do Mundo, evento que atrai a atenção até de quem não costuma acompanhar futebol.
Odete Roitman (Beatriz Segal), Fátima (Glória Pires) e Raquel Acioly (Regina Duarte) completam 30 anos este mês, um marco digno de ser celebrado, pelo que a novela de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères representa não só para a nossa teledramaturgia, mas também como produto de entretenimento capaz de fazer o Brasil pensar sobre seus males. Há três décadas, dispensou-se o final punitivo para os maus, na certeza de que ninguém era castigado por seus crimes neste país. Duas décadas depois, Gilberto Braga apostou em uma mudança e passou a punir seus vilões, inclusive usando a cena de Marco Aurélio como referencial – em “Insensato Coração”, o empresário corrupto de Herson Capri também tentava fugir do país num jatinho, e já ia dando uma banana ao Brasil, como seu mentor, quando foi algemado.
Em 2010, quando veio ao mundo, o canal Viva obteve na reprise de “Vale Tudo” seu maior cartão de visitas. A comoção pela volta de Heleninha Rotiman (Renata Sorrah) pegou nostálgicos e até quem não conhecia a história. Revisitamos os penteados e as ombreiras dos anos 80, sob a canção de Cazuza interpretada na abertura por Gal Costa.
E independentemente da efeméride, vamos e venhamos, esse é um ótimo momento para se lembrar daquele Brasil de 1988, no contexto da Constituinte de Ulysses Guimarães e ensaio para a campanha eleitoral que faria o brasileiro voltar às urnas no ano seguinte para voltar a votar para presidente, após 29 anos de jejum. Afinal, o Brasil mudou muito de lá para cá?