Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Onda nostálgica envolve ‘Cine Holliúdy’, série que elevou audiência da Globo

Edmilson Filho é Francisgleydisson, o dono da sala de cinema da história

Um quê nostálgico nos assalta, no melhor estilo “Meia-Noite em Paris”, filme de Woody Allen em que os personagens mais reflexivos acabam achando graça em um tempo anterior ao seu, num passado aparentemente glamourizado pela memória afetiva, mesmo que esta memória remeta a um tempo que o sujeito só conheça de ouvir falar, dos livros, filmes, músicas ou obras de artes.

Todo vintage hoje tem seu valor reconhecido, não há como negar, de uma maneira que nem sempre despertou orgulho coletivo como agora parece ocorrer.

O que era empoeirado passou a ter lá sua graça. Trazendo a coisa para um assunto bem contemporâneo, há quem nem saiba o que cantavam Sandy e Júnior e que tenha sido contaminado pela histeria de conseguir um ingresso para a turnê que a dupla fará após nove anos separada.

É nesse contexto que “Cine Holliúdy” desembarcou na Globo, na noite de terça-feira, e fez bombar a audiência da emissora como há muito tempo não acontecia com uma minissérie. Em um cenário que bem poderia ser o de um “Cinema Paradiso” (filme ítalo-francês de 1980) do sertão nordestino, um sujeito faz de tudo para retardar a chegada da já popular televisão a uma pequena cidade cearense.

Em São Paulo, “Cine Hollyúdy” rendeu 25 pontos de média, ou seja, 4 pontos a mais que a média da faixa horária.

No Rio, foram 23 pontos de audiência com 37% dos televisores sintonizados apenas no universo de ligados.

A boa audiência puxou também “Carcereiros”, que fez 15 pontos em seguida, recorde da temporada, em São Paulo.

E no Ceará, terra retratada na história, o crescimento honrou o orgulho das origens, com 47% de crescimento de público em Fortaleza (8 pontos a mais), chegando a 25 de média. O progresso se estendeu a outras capitais, como 47% de crescimento no Recife, 31% em Vitória e 20% em Manaus.

No saldo do Painel Nacional de TV (PNT), o crescimento foi de 3 pontos (15% de avanço).

Em tempo: a onda nostálgica traz também entusiasmo com a volta dos sertanejos “Amigos”, aliás, entre os quais está Xororó, o pai de Sandy & Júnior, à novela das sete, “Verão 90”, que apesar de mal acabada agrada a plateia com várias referências aos ícones da década de 1990, e aos revivals do Canal Viva, com destaque para a “Escolinha do Professor Raimundo”, e foi testada também em um programa novo no ano passado, “As Melhores Décadas de Nossas Vidas”, um caso malsucedido.

É tempo de reviver o passado, sinal de que o presente não vai muito bem e tem incentivado certo escapismo. Mas é evidente que o mérito de “Cine Holliúdy” não se resume a isso. Temos lá uma boa história, bem contada, com ritmo, elenco afiado e a chance de envolver qualquer um em um enredo que remete ao saudosismo.

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Cristina Padiglione

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