Em revelação inédita, Dan Stulbach atribui fim do ‘CQC’ a ‘questão política’
Em entrevista ao Talk TV, canal sobre TV na internet, na tarde desta sexta-feira, 13, Dan Stulbach atribuiu ao momento político o fim do “CQC”, em 2015, na Ban. O programa não sofreu, segundo ele, nenhuma pressão direta para sair de cena, mas seu peso nesse terreno interessava a muito poucos ao fim daquele ano em que o impeachment de Dilma Rousseff começava a ser discutido. Dan apresentou o programa ao longo daquele ano, no centro da bancada, em vaga deixada por Marcelo Tas, ao lado de Marco Luque e Rafael Cortez.
Inédita, a revelação veio da minha pergunta sobre a possibilidade de o “CQC” ter sido enterrado precocemente.
“Eu acho que tinha uma questão política aí”, iniciou Dan, para o meu completo espanto. É a primeira vez que ele dá esse contexto ao encerramento do programa, que durou oito anos. “Acho que à medida que um programa desses tem muita força política e ele tem audiência nas questões políticas e ele tem a cobrança de se manifestar politicamente, ele precisa ter liberdade total pra que isso aconteça e ser amparado e protegido e estimulado a que isso aconteça. Quando, de alguma maneira esse círculo começa a falhar, seja pelo que for, o programa passa a não ser o que ele é. Ele foi se desvirtuando, né?”
“Mas vocês sofreram diretamente alguma pressão política”, insisto.
“Não, acho que começou a ter um caos político ali. A gente acabou (com o programa) no ano em que ia ter o impeachment, né? Acabou no final de 2015, quando se anunciava o impeachment. 2016 teria sido um ano excepcional (para o programa), de ele ter falado, de ele ter se colocado, de ele ter mostrado, de ele ter revelado, de ele ter provocado, o que era o seu lugar. Mas aí, enfim, eu só recebi a notícia de que ele ia acabar.”
Havia uma percepção antes, de que como ele tinha muitos anunciantes, era difícil que essa pressão exercesse alguma interferência na linha editorial. E quando você começa a ter um leque menor de anunciantes…
“Por causa da crise…”
… já fica mais difícil bancar, né?
“… Ou porque os anunciantes de alguma maneira não querem se expor num momento conturbado politicamente como aquele, então as pessoas preferem, ‘não peraí, melhor a gente se retrair um pouquinho’, porque tem a crise e poprque é melhor ficar quieto agora, num momento de tanta conturbação política. Então, as pessoas vão saindo e programa fica mais frágil”, concluiu.
Dan comenta que festejou, outro dia, o reencontro com Rafael Cortez, na Globo, e celebrou a presença de Marco Luque no “Altas Horas”, lamentando que a Band não tenha sabido aproveitar todos esses talentos.
O ator enfatizou que adorou apresentar o programa e que trabalhar em outro canal aberto foi um aprendizado e tanto. Não se arrepende. Em abril, quando ele estiver voltando à tela da Globo para a novela “A Força do Querer”, de Glória Perez, sua imagem estará de novo na tela da Band, então na série inédita “Era uma Vez na História”, gravada ao lado da historiadora Lilia Schwarcz. Juntos, os dois interagem com a dramatização de episódios do Brasil Império.
Atualmente, o ator e apresentador está em cartaz nos cinemas com dois filmes – “O Vendedor de Sonhos” e “Os Saltimbancos Trapalhões”. E reestreia no Tuca a montagem de “Morte Acidental de um Anarquista”, de Dario Fo. Tudo isso, sem deixar de honrar expediente semanal na rádio CBN, onde comanda, há dez anos,o “Fim de Expediente”, e na ESPN, canal de esportes onde comanda o “Bola da Vez”.
A entrevista completa com Dan Stulbach, que eu, Cristina Padiglione, tive o prazer de fazer, está no CanalTalkTV, no YouTube, e nos apresenta uma figura incapaz de se acomodar. Confira lá.