Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Poliglota, série sobre ‘Santos Dumont’ contou com especialistas no set

O ator João Pedro Zappa, que vive Santos Dumont, foi submetido a um curso intensivo de francês / Divulgação

“Santos Dumont”, série que estreia neste domingo (10) na HBO, tem diálogos em português, como era de se esperar de uma série brasileira, mas também em espanhol, em inglês e muitas falas em francês, considerando a longa vivência do personagem biografado em Paris.

O primeiro episódio, no ar logo mais, às 21h e depois disponível pela HBO GO, já dá uma dimensão de que a produção, obra da Pindorama Filmes, de Estêvão Ciavatta, não se contenta com sotaques ou meia-dúzia de expressões idiomáticas para associar a cena à capital francesa, como se fosse novela da Glória Perez. Longe disso.

Os cuidados com os idiomas demandaram a presença de uma especialista em todos os sets, como conta ao Telepadi o diretor Estêvão Ciavatta. Ele trabalhou com o diretor Fernando Acquarone, que estudou em escola bilíngue (português e frabcês). A precisão requerida por esse tema começou na própria escalação do elenco: um dos critérios de maior peso para a seleção foi justamente a habilidade de cada ator com os idiomas que seriam falados em cena.

João Pedro Zappa, o protagonista, tinha mera noção do francês, e por isso foi submetido a “um intensivão” do idioma, como conta Acquarone, com aulas diárias, por cinco meses, além de ter disponível uma consultoria permanente durante as gravações.

“Nós passamos aproximadamente um ano fazendo testes de elenco de um modo bem específico, escolhendo entre atores que teriam que falar três línguas, e isso já define bastante o leque de atores”, conta-nos Acquarone.

Além de uma especialista no set, que também se encarregava de informar sobre expressões ditas ou não na época da série (fim do século 19 e início do 20), um dos atores em cena, Thierry Tremouroux, é belga, o que torna ainda mais insuspeito o trabalho idiomático. “O Thierry, que faz o (Alberto) Chapin, mecânico do Santos Dumont, estava sempre muito próximo do Zappa e qualquer dúvida era logo esclarecida”, explicou Acquarone.

O diretor, aliás, faz uma participação especial como o joalheiro francês Louis Cartier, que inventou um relógio especial a pedido de seu amigo aviador.

A decisão de fazer a série em várias línguas foi tomada em conjunto com a HBO. “Queríamnos que fosse uma característica da série, já que o Santos Dumont era um cara superviajado, do jet set, cidadão do mundo e poliglota, e queríamos que essa série brasileira tivesse uma projeção internacional”, completa Acquarone. A produção vai desembarcar em 70 países por meio da HBO.

Outro dado que impressiona bastante é o cuidado da direção de arte com a reprodução dos projetos do aviador, do papel às maquetes, digamos assim, que aparecem em cena. Ciavatta explicou que a maior parte da documentação original referente aos desenhos do biografado foi queimada por ele em um surto após a prisão, episódio que será relatado na série (“olha eu dando spoiler”, avisou).

“Tirando o Demoiselle (modelo criado pelo aviador), que ele divulgou e deu para os jornais reproduzirem, tem pouquíssimos registros de todos os projetos dele”, contou Ciavatta ao TelePadi. “Então, a gente teve que buscar isso em todos os livros que já foram feitos, com os  pesquisadores que já trabalharam com Santos Dmont, e foi tudo feito em cima dos projetos e especificações técnicas que ele tinha deixado, fomos atrás de informações oficiais para reproduzir esses termos técnicos”, concluiu.

A família foi comunicada sobre a série, mas o roteiro, conta Ciavatta, não foi submetido a eles. “Foi uma relação de confiança e de amizade, de compartilhar os feitos. Em momento nenhum pediram para ver nada, para autorizar ou ver o que se estava fazendo sobre Santos Dumont, foram muito relax, foram parceiros e confiaram muito na gente”, disse.

Com reprodução cuidadosa, a série se esmera na iluminação pouco conveniente ao visual na tela para lembrar que ainda não havia luz elétrica, principalmente nas cenas noturnas que traduzem o glamour de Paris à época. Muita gente defende que breu é breu, mas há quem, em nome da visibilidade do filme, prefira corromper ligeiramente o efeito das lamparinas daquele tempo. Não é o caso de “Santos Dumont”, bastante escura em algumas sequências.

Em uma narrativa que foge ligeiramente do linear, o enredo encontra seu personagem desde os cafezais no interior de Minas Gerais, ainda de calças curtas (então vivido por Gilberto Gwronski) e já interessado em assuntos de maquinário.

O elenco traz ainda Bruna Scavuzzi, Jean Pierre Noher, Lisa Eiras, José Araújo e Miguel Pinheiro, entre outros atores brasileiros e franceses. Juliana Carneiro da Cunha faz participação especial como a Princesa Isabel.

Além do Brasil e de toda a América Latina e do Caribe, a produção tem lançamento confirmado também nos Estados Unidos, Europa e África, totalizando mais de 70 países ao redor do mundo.

“Santos Dumont” é produzida por Roberto Rios, Eduardo Zaca, Patricia Carvalho e Rafaella Giannini, da HBO Latin America Originals, e Estevão Ciavatta e Susana Campos, da Pindorama Filmes, com recursos da Condecine – Artigo 39. A direção é de Estevão Ciavatta e Fernando Acquarone, com roteiro de Pedro Motta Gueiros e Gabriel Mariani Flaksman.

Abaixo, um especial que a HBO produziu sobre os encantadores bastidores da minissérie.

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Cristina Padiglione

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