Politicamente neutro, Tony Ramos diz que não gosta de ‘induzir ninguém a candidato nenhum’
Entre as listas de personalidades que apoiaram um ou outro candidato nessas eleições, não vamos encontrar o nome de Tony Ramos em nenhuma delas. Se encontrássemos, seria uma surpresa. Tradicionalmente neutro em pleitos eleitorais, o ator nunca foi visto defendendo este ou aquele candidato.
Isso não significa que lhe falte consciência política, explica ao TelePadi.
“Não gosto de induzir ninguém a candidato nenhum”, disse-me. Conversamos sobre o assunto esta semana, ainda no calor deixado pelo fim das eleições, durante a visita à cidade cenográfica de Serro Azul, nos Estúdios Globo, no Rio. É o município fictício que servirá à nova novela das nove da Globo, “O Sétimo Guardião”, de Aguinaldo Silva, onde ele vive um empresário quatrocentão milionário.
A única vez que subiu em palanque, lembra, foi para defender as Diretas Já (movimento pós-ditadura militar que pedia a volta do direito do povo votar para presidente da República, entre 1984 e 85) . “Era uma causa nobre e absolutamente apartidária, e eu, no fundo, no fundo, tenho tanta consciência política, que essa minha atitude é uma atitude política. Eu quero liberdade de criticar e não quero induzir a quem me respeita como ator, quem me admira como ator, não quero induzir que a minha verdade seja absoluta.”
Respeitado entre colegas e público, Tony se apresenta como um “daqueles grandes democratas”: “entendo quem se manifeste e espero que eles, como democratas, entendam por que eu não me manifesto. Nunca me filiei a partido político porque eu quero ter a liberdade de cidadão que vota, a liberdade de criticar abertamente, quando as coisas não são corretas. Eu já critiquei abertamente vários assuntos publicamente. Por exemplo, ninguém me apresenta nenhum plano, até agora, ninguém, de educação no Brasil, que ocupe a criança das 7h30 da manhã até as 4 da tarde. Até hoje ninguém me propôs isso, e isso eu venho falando durante os anos.”
E completa: “Só se fala em, segurança, dinheiro, economia… É óbvio que isso tem importância, mas, para mim, está no mesmo patamar da educação, como está no mesmo patamar a saúde pública. Então, eu não me arrependo e não me arrependi nunca.”
A neutralidade política, acredita, também o favorece na liberdade de criar os personagens que interpreta, com ênfase para políticos como Getúlio Vargas no filme “Getúlio”, protagonizado por ele. “Eu fiquei neutro pra fazer o Getúlio, sabendo do ditador que ele foi e também sabendo das coisas boas que ele fez pelo país.”
Avesso a redes sociais, diz que respeita e entende quem cultua perfis do gênero, mas prefere alguma reclusão. “Como eu não tenho rede social, nunca tive, eu fico fora dessas coisas. Eu sei do que se passa lendo jornais, lendo o ‘Estadão’, ‘O Globo’, a Folha, aí fico sabendo o que está acontecendo, mas eu não tenho rede, não sou contra, claro que não, mas já sou exposto automaticamente na minha profissão. Eu não vou fazer um Instagram para mostrar o meu dia a dia com a minha companheira (Lidiane, com quem é casado há 49 anos). Ela está lá, fazemos as nossas viagens, curtimos a nossa vida, sem essa exposição.”
Em “O Sétimo Guardião”, Tony será Olavo, empresário milionário que guarda um segredo sobre sua viuvez. Sua filha, vivida por Yanne Lavigne, será abandonada na beira do altar por Gabriel (Bruno Gagliasso), para desespero da mãe do noivo, Valentina (Lilia Cabral), que via no casamento do filho a chance de salvar sua empresa da falência.
Será seu primeiro personagem criado por Aguinaldo – em “Duas Caras”, ele fez breve participação em cena como ele mesmo.
“O Sétimo Guardião” estreia dia 12, na vaga de “Segundo Sol”.