Porta dos Fundos aproveita vitória judicial contra Botafogo e faz piada com Gilmar Mendes
Quatro anos depois de ser processado pelo Botafogo em razão do vídeo “Patrocínio”, o Porta dos Fundos venceu o clube carioca em todas as instâncias na Justiça do Rio de Janeiro, em decisão que obriga o Alvinegro a pagar os honorários gastos em advogados e trâmites do processo pelo time do humor. Pesou, para tanto, o zelo à liberdade de expressão, considerando que o vídeo é uma produção artística. O Botafogo, no entanto, promete recorrer e ir ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Em comemoração à vitória, o Porta dos Fundos inseriu um trecho inédito no vídeo, naquele desfecho após a vinheta que encerra o enredo de cada edição. Na sequência, uma mão vai assinando uma série de despachos em papéis timbrados do STF (Superior Tribunal Federal) que autorizam a liberdade de uns e o arquivamento de processos de outros, sendo um deles do próprio Porta dos Fundos x Botafogo. Na mesa do dono da caneta, lê-se a plaquinha “Gilmar Me…”, nome incompleto pelo enquadramento da câmera, em referência ao ministro Gilmar Mendes, famoso por soltar detidos por crimes de colarinho branco.
Gilmar então autoriza a liberdade de Anthony Garotinho, ex-governador do Rio (que de fato foi mais uma vez solto nesta quinta-feira, 31), um indulto de Carnaval para Suzane von Richtofen e três documentos que arquivam denúncias contra Aécio Neves. “Esse já pode pedir música no Fantástico”, ironiza.
Em suas páginas nas redes sociais, o Porta publicou a decisão da Justiça, sem perder a piada:
“É com imenso prazer que comunicamos que o Botafogo de Futebol e Regatas perdeu, em todas as instâncias, o processo que insistiu em mover contra o Porta dos Fundos. Hoje, finalmente, esgotaram-se as últimas chances para que o clube recorra.
O Porta dos Fundos se solidariza com os torcedores do alvinegro carioca – vários deles trabalhando conosco – que terão de testemunhar o clube pagando, talvez com verba de patrocinadores, os honorários dos nossos advogados, mas o facho de luz da liberdade de expressão não pode se apagar.”
Em seu canal no Youtube, o anúncio veio com trechos alusivos ao hino do Botafogo, garantindo que o adversário não tinha mais condições legais para recorrer.
Mas o Botafogo não se deu por vencido e ameaça recorrer a tribunais superiores. Ao Globo Esporte, o vice-presidente jurídico do Botafogo, Domingos Fleury, contestou o recado do grupo e disse que a Porta dos Fundos teme ser “arrombada”.
“Não houve o trânsito em julgado da decisão desfavorável ao Botafogo”, disse Fleury, que continuou: “A última instância, que é o Superior Tribunal de Justiça (STJ), ainda não se pronunciou. Aliás, o nosso recurso para subida ao STJ ainda nem foi examinado pela terceira vice-presidência aqui do Rio. Ainda vai haver uma decisão aqui que poderá admitir ou não esse recurso. Caso a decisão seja no sentido de não admitir o recurso, ainda tem o agravo, que é o último recurso. Esse último recurso só o ministro do Superior Tribunal de Justiça pode decidir.”
O VÍDEO
“Patrocínio” debocha do imenso número de anunciantes pontuais de varejo que o Botafogo fez caber na camisa do time durante as partidas finais do Campeonato Carioca em 2015. Na hora de fazer a barreira diante do gol, um jogador com camisa cheia de anúncios e o logotipo do Alvinegro carioca (Rafel Infante) é abordado pelo adversário (João Vicente), vestindo camisa da Adidas do Flamengo, interessado em algumas das ofertas expostas pela camisa do outro. Os dois trocam informações sobre a publicidade e a chance de inserir mais anúncios na camisa.
O Botafogo, à época, alegou que a piada traria prejuízos à imagem do time.
Com 2,23 milhões de visualizações, “Patrocínio” ficou fora do ar só por um período, entre a notificação do processo e a vitória em segunda instância do Porta dos Fundos, por recomendação dos advogados da trupe. Confira o vídeo abaixo:
