Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Record terá acervo antigo em nova plataforma, mas ainda negocia direitos

Imagem da 'Família Trapo', com Renata Fronzi, Ricardo Corte Real, Otello Zeloni, Ronald Golias, Cidinha Campos e Jô Soares / Reprodução

A Record anunciou nesta segunda-fera o lançamento do Play Plus, sua plataforma de streaming (amém), uma espécie de GloboPlay, que oferece a programação online para ser vista ao vivo ou sob demanda, mais uma série de outros canais de conteúdo.

Entre as peças desse menu, surpresa, há cenas antológicas do acervo da emissora, o que é louvável. Mas não se anime. Por enquanto, são prometidos títulos como “Família Trapo”, com Jô Soares, Ricardo Corte Real e Ronald Golias, “Bronco Total”, de novo com Golias, Festival MPB, edições do “Show do Dia 7”, “Sambão com Elizeth Cardoso”, “Especial Elis Regina”, “Programa Flávio Cavalcanti” e cenas das premiações do lendário Troféu Roquete Pinto. Tudo isso foi submetido a um bom banho de digitalização e remasterização de áudio.

Mas, em lançamento promovido nesta segunda-feira, no Hotel Emiliano, em São Paulo, dirigentes da emissora não sabem precisar, por exemplo, o que há, nesse cardápio, referente aos festivais de música. “Muitas coisas ainda estão em negociação, dependem de autorização sobre direitos conexos”, admitiu Mafran Dutra, diretor artístico da Record.

Tem Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Mutantes e Elis Regina nos festivais? Não tem, respondem. O programa da Elis é o “Fino da Bossa”, com Jair Rodrigues? Não, não é, é um show especial. Assim, muito do que poderia formar aí uma espécie de Canal Viva da própria Record, com material da gestão da família Machado de Carvalho – primeira proprietária da Record – não está exatamente disponível, ou não ainda.

Muitas imagens da Record se perderam nos quatro incêndios enfrentados pelo então canal 7 de São Paulo – um em 1966, outro em 68 e mais dois em 69, atingindo as instalações da sede da época, no Aeroporto, do Teatro Record e do Teatro Paramount, onde alguns shows de auditório eram gravados.

Além disso, como disse Mafran, todo esse material tem de ser submetido aos artistas e criadores daqueles programas, ou de seus herdeiros, considerando que internet, na época, era pura ficção científica, e nenhum contrato daquele tempo poderia prever qualquer cláusula relativa a uma plataforma de streaming.

O novo serviço entra no ar logo mais, à 0h, e coloca a Record em um trilho que acusava grave atraso do grupo – ainda hoje, quem perde um capítulo de uma novela é forçado a procurar uma cópia pirata ou a ficar sem ver o episódio, sem ter onde buscar esse conteúdo. A Globo, que já faz isso há tempos com sua GloboPlay, promete um upgrade no serviço, antes que o ano termine.

Assim como a futura GloboPlay, a Play Plus, da Record, também abrange filmes, séries e outras produções feitas fora do grupo. Mas, no caso da Play Plus, isso engloba canais inteiros, como a ESPN, canal de esportes, e a Play Kids, canal para crianças na web. Repare que a emissora abraça aí dois segmentos que deixaram de aparecer na sua programação linear – o esportivo e o infantil.

Também haverá produções exclusivas para o canal, a começar por Marcos Mion, que está fora da TV no momento e tem grande poder de engajamento na internet. Ele comanda uma série de conversas sob o mote da paternidade – “Pais da Nova Era”, em cinco episódios, um deles com Júnior Lima, a quem conhece desde os idos do seriado infantil “Sandy & Júnior”.

Ticiane Pinheiro também tem uma série própria, enquanto Xuxa e Sabrina levam seus conteúdos de YouTube para dentro da Play Plus, sem abandonar o portal de vídeos do Google. O mesmo se dará com a ESPN, que mantém sua plataforma Watch ESPN, estendendo seu conteúdo ao novo Play Plus. O nome, ligeiramente gringo para o público da emissora, vem atender à associação com a Play Kids.

Chegando agora, estão Bola e Carlinhos, ex-“Pânico”, com o show “Bola Vai no Meu Lugar”, que coloca o humorista sempre em alguma cilada. “Eleições 2018” é outra produção em roco, sob o comando de Eduardo Ribeiro e participação de Christina Lemos. Os dois entrevistam 12 personalidades sobre o momento atual e as perspectivas do país.

O preço da assinatura começa por R$ 12,90, com chance de o assinante montar seu pacote e, a partir desse custo mínimo, acrescentar a la carte as opções que lhe interessam. O primeiro mês é grátis, valendo como degustação.

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Cristina Padiglione

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