‘Roda Viva’ recorre a vinheta do passado para substituir Chico Buarque
A TV Cultura obedeceu ao pedido judicial dos advogados de Chico Buarque para suspender da abertura do “Roda Viva” a música homônima, de autoria do músico. Mas, diferentemente da argumentação inicial da emissora, que diante do fato alegou que já estava mesmo para estrear novas vinhetas, o “Roda Viva” acaba de entrar no ar com um arranjo de percussão usado em seus primeiros anos de vida, a contar da estreia, em 1986.
Apresentador do programa, o jornalista Augusto Nunes informou que a nova abertura faz parte das comemorações pelos 30 anos do programa (comemorados, na verdade, no início de novembro) e que, ao longo desta edição, iríamos ouvir outras trilhas de abertura.
É um meio de dizer que “Roda Viva”, de Chico, nunca foi única na trajetória do título, atitude infantil.
Nunes não informou ao público sobre o veto de Chico, que até a semana passada, desde 2008, emprestava gratuitamente sua “Roda Viva” ao “Roda Viva” da Cultura, com arranjo instrumental. Ao omitir o fato, tropeçando na transparência, o âncora corrobora as razões do músico para tirar sua canção do programa. O compositor decidiu suspender a autorização dada ao amigo Fernando Faro, em 2008, por discordar da linha editorial do programa. O ápice da discordância de Chico se deu na entrevista com Michel Temer, há três semanas, quando o entrevistado contou com a condescendência dos entrevistadores. Temer mal foi questionado sobre as contradições de seu governo, foi adulado com perguntas sobre a conquista de Marcela, sua mulher, e agradeceu, ao final, pela “propaganda” feita ao seu governo.
O programa de hoje entrevista o novo ministro da Cultura, Roberto Freire, que substitui Marcelo Calero, cuja demissão gerou uma crise no governo Temer, ao denunciar a pressão sofrida pelo agora ex-ministro Geddel Vieira Lima, em razão de um empreendimento imobiliário de seu interesse particular em Salvador.
Atualizando: questionado sobre os motivos de Chico ter pedido a retirada de sua música do programa, o entrevistado do dia, Roberto Freire, atribuiu o fato à “falta de tolerância” do músico.
