Marcão do Povo é suspenso pelo SBT após sugerir campo de concentração a doentes
Demorou. Precisou haver uma pressão de sites e público para que o SBT parasse de “passar pano” nas polêmicas declarações de Marcão do Povo, um sujeito demitido da Record após chamar Ludmilla de macaca e imediatamente contratado pela TV de Silvio Santos. Criar polêmica, hoje em dia, já não é mais sinônimo de audiência e engajamento. Nesta terça-feira (7), durante o Primeiro Impacto, apresentado por ele, Marcão sugeriu que os contaminados pelo novo coronavírus fossem confinados em um “campo de concentração”.
Veja bem, vamos lembrar aqui um agravante extra desta fala do apresentador: ele fala diretamente da empresa de um judeu.
Isto posto, vamos co comunicado do SBT, que por muito menos suspendeu Lívia Andrade do Fofocalizando (ela afirmou que a Igreja Universal estaria vendendo álcool gel benzido) e Rachel Sheherazade (que em determinado momento teceu críticas ao presidente Jair Bolsonaro, abertamente apoiado pelo SBT).
Diz a nota sobre Marcão:
“Ontem, durante a exibição do programa jornalístico Primeiro Impacto, o apresentador Marcos Paulo Ribeiro de Morais, popularmente conhecido como Marcão do Povo, se utilizou do espaço em nosso jornal para expressar uma opinião de cunho pessoal que dizia respeito ao tema tão delicado que o mundo e nosso país atravessam: a COVID-19.
Gostaríamos de esclarecer ao público, às autoridades, àqueles que estão na linha de frente ao combate incessante da pandemia e, em especial, às pessoas vitimadas, que de forma alguma a opinião expressada pelo apresentador reflete o pensamento, a atitude e o respeito que a emissora tem pelo momento atual. Temos total consciência da relevância do assunto e temos, a todo momento, nos preocupado em informar e esclarecer de forma isenta e imparcial os acontecimentos e as providências que as autoridades e todos brasileiros estão adotando para vencermos essa enorme crise de saúde já presente, e a econômica que se avizinha.
Desta forma, sinceramente lamentamos que o apresentador tenha usado nossa plataforma de modo que contraria tão profundamente os nossos princípios. A todos que de alguma forma possam ter se ofendido ou mesmo se indignado com as opiniões pessoais do apresentador, nossas mais sinceras desculpas.
Nossos profissionais de Jornalismo seguirão na dura missão de bem informar, sempre preocupados com o bem estar de todos os brasileiros.”
Marcão do Povo ressaltou que seria um “campo de concentração” onde os doentes fossem tratados com todo o “carinho” por agentes das forças armadas, mas a expressão, além da ideia em si, é de uma infelicidade sem proporção. Eis o que ele disse, como se falasse diretamente ao presidente Jair Bolsonaro, um cacoete de de determinados apresentadores populares (achar que fala diretamente ao chefe da nação):
“Atenção, presidente! Não seria interessante montar um local, com o Exército, a Marinha, a Aeronáutica, para onde todas as pessoas que tivessem os sintomas, que tivessem o coronavírus, fossem levadas e bem cuidadas, bem tratadas, ao invés de espalhar da maneira que está sendo, todos os lugares, um gasto excessivo, as cidades paradas. Não seria interessante um local só para cuidar dessas pessoas? Não seria interessante pegar, por exemplo, Exército, Aeronáutica, Marinha e montar um campo de concentração de cuidados, com os equipamentos mais sofisticados, com os melhores profissionais, e colocar essas pessoas com problemas, com sintomas? Tem um sintoma, constatou, leva a pessoa para lá, cuida dela com carinho”.
A suspensão de Lívia Andrade foi determinada por Silvio Santos logo após uma queixa direta do próprio Edir Macedo, que desmentiu o fato informado pela apresentadora do Fofocalizando, mas também no caso dela houve imprudência. Além de espalhar um relato que só tinha disseminação pelas redes sociais, sem checar se era real, a moça igualmente se esqueceu que boa parte da família de Silvio Santos (mulher e filhas) são evangélicas, e portanto simpatizantes da IURD.