Silvio Santos em 26 atos: aniversariante visita sua exposição
“É o 26, é o 26”, tocava o jingle que quase levou Silvio Santos a disputar nas urnas a presidência do Brasil.
Figura fascinante que é, ele me deu muito trabalho desde sempre. Gentil e educado, recusa-se a dar entrevistas, mas como o homem é notícia o tempo todo, lá estamos nós, jornalistas, apurando tudo pelas beiradas. Vamos ao Roque, seu fiel escudeiro de palco, ao Jassa, o cabeleireiro conselheiro e à portaria do SBT para costurar suas boas histórias. Devo contar que já vi repórter, e bom repórter, colega meu, remexendo no lixo da casa do Silvio, no Morumbi, para escrever sobre ele. Não é lenda.
Hoje, 12 de dezembro, é dia de Silvio Santos na certidão de nascimento. Ele aproveitou para visitar a exposição que o homenageia, no Museu da Imagem e do Som (MIS), escoltado por sua mulher, Iris Abravanel, pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e pelo diretor do museu, André Sturm, secretário municipal de Cultura do prefeito eleito, João Dória Jr. Agradeceu a homenagem, desejou que as pessoas alcancem em suas vidas a felicidade que ele teve nesses 86 anos.
E vale enumerar algumas façanhas e manhas do cara mais popular do Brasil. Lá vai:
- Tem o hábito de fritar bifes no próprio camarim.
- Alérgico, não gosta de perfumes, embora sustente a terceira maior marca de cosméticos do País, a Jequiti.
- Conhecido por oferecer alternativas de loterias de toda sorte (ou da falta dela), viu o pai perder seus bens por dívidas em jogos na infância, quando deu início à sua promissora carreira de comerciante.
- Judeu, é devoto aberto da Nossa Senhora da Plástica, como gosta de enfatizar.
- Generoso como empresário, é pouco altruísta como artista, sem disposição para ver alguém brilhar mais que ele em sua própria emissora.
- Certa vez, ao chegar ao Teatro Silvio Santos para gravar seu programa, ainda no Carandiru, e lá perguntar pelo manobrista que pegava seu carro, soube que o sujeito havia sido demitido. “Então eu não vou gravar. Quando ele voltar, você me avisa”. Tiveram de recontratar o funcionário.
- Ao saber que Otávio Mesquita compraria uma casa vizinha à sua, no Morumbi, antecipou-se ao pretenso proprietário e adquiriu ele mesmo o imóvel. O local foi transformado em cenário da Casa dos Artistas, que ele colocou no ar sem avisar, em 2001, e bateu a Globo em audiência desde o primeiro dia.
- A Casa dos Artistas nasceu após uma série de reuniões entre seus executivos e o pessoal da Endemol, dona do formato do Big Brother, na Holanda. Na hora de assinar contrato com a produtora, SS declinou e criou sua versão do jogo, com artistas confinados na casa, para desespero da Globo, que a essa altura já havia pagado pelo formato e estava preparando a primeira edição do BBB.
- As camisas e ternos são feitos sob medida, pela Camargo Alfaiataria. Vez ou outra, permite-se usar um Ricardo Almeida.
- Leitor de Veja e ouvinte da Rádio Jovem Pan, Silvio muitas vezes toma conhecimento das reportagens produzidas pelo SBT na home do portal UOL.
- Ganhou assinatura da Netflix após fazer propaganda espontânea para a plataforma.
- É autor do célebre teaser “eu não vi, mas minha mulher e minhas filhas gostaram muito” para anunciar os filmes do SBT.
- Aconselhado por Moacyr Franco a tomar um pouco de sol todos os dias, o que faz bem à saúde, respondeu ao amigo que se permite tomar sol no joelho.
- Nunca aceitou vender horário da programação para a fé eletrônica. Tampouco interfere em questões religiosas presentes na programação, como o catolicismo que pauta a atual novela da casa, “Carinha de Anjo”, supervisionada por sua mulher, Iris Abravanel, que é evangélica.
- Após contratar um renomado consultor em sucessão familiar de empresas para cuidar da preparação de suas herdeiras para o futuro do grupo, recusou-se a seguir o primeiro mandamento do contratado: afastar-se completamente da administração do negócio. E dispensou o credenciado profissional.
- Incomodou a majestade da Globo na liderança de audiência em várias ocasiões: das tardes de domingo que precederam a criação do “Domingão do Faustão” às noites do mesmo domingo, passando pela boa briga com “A Casa dos Artistas” e pelo êxito da exibição do “Carrossel” original, em 1992, quando a professorinha Helena (Gabriela Rivero) chegou a descer a rampa do Planalto com o então presidente Fernando Collor e toda a classe de alunos roubou uma fatia da audiência soberana do “Jornal Nacional”.
- Nas poucas semanas em que foi candidato à presidência da República, explicava ao eleitor que ele deveria assinalar, na cédula já impressa, o nome de Armando Corrêa, número 26, para votar nele, Silvio Santos. A candidatura foi impugnada a pedido de alguém que viria a ser muito presente no noticiário político brasileiro, 15 anos depois, Sr. Eduardo Cunha, então filiado ao PRN, partido de Fernando Collor.
- Enfrentou uma ameaça de separação de Íris Abravanel, em 1992, quando chegaram a discutir a relação perante a esfera judicial. Na saída da Vara da Família em Santo Amaro, ela se preservou diante dos repórteres: “não posso falar nada”. Já ele, saiu em seguida, sorriso aberto, declarando que tinha certeza que Iris voltaria para ele, pois “eu amo ela”. É claro que a declaração estampou todas as primeiras páginas de jornais do dia seguinte. A reconciliação veio publicamente, com direito a beijo em show do Gipsy Kings.
- Acatou por pouco tempo a sugestão do cabeleireiro e amigo, Jassa, de trocar o acaju dos cabelos pelo tom grisalho.
- Preserva no SBT um carro que o acompanhou por muitos anos e que o identificava claramente nas ruas de São Paulo: um Lincoln Continental de capota conversível verde bandeira.
- Ainda no pequeno museu cultivado na sede de sua emissora de TV, na Rodovia Anhanguera, orgulha-se de uma série de estátuas de cera trazidas do exterior, incluindo a de uma mulher nua.
- Em algumas ocasiões, pressionado por contratados que o surpreendiam com propostas de outros canais para conquistar um salário maior, estendia a mão e respondia: “Parabéns, que você seja muito feliz lá (no outro canal)”.
- Protagonizou um episódio digno de Hollywood em 2001, ao negociar com o sequestrador de sua filha, Patrícia Abravanel, que invadiu sua casa no Morumbi, o rendimento do sujeito à polícia, que cercou a mansão. À época, o governador Geraldo Alckmin foi pessoalmente participar da solução do caso.
- Gosta de provocar comentários, seja por suas frases, sem filtro, por suas ações e lendas, ou mesmo pelo figurino de férias, em Celebration, condomínio que se tornou seu refúgio de férias na Flórida, EUA.
- Evita autocelebração por meio de prêmios ou no próprio programa, o que o torna ainda mais celebrado.
- A esse cidadão, TelePadi deseja um FELIZ ANIVERSÁRIO, com o hit “Laralará, Silvio Santos vem aí!”
Abaixo, um recado a Roberto Marinho: “Nós não precisamos mais de dinheiro”.