Silvio Santos tritura o SBT Brasil para poupar Bolsonaro
Silvio Santos pediu ao pessoal do jornalismo do SBT que a edição deste sábado do SBT Brasil não tivesse nada sobre a reunião ministerial cujo conteúdo foi revelado nesta sexta-feira (22) e vem repercutindo bastante neste sábado (23) em todos os sites noticiosos e emissoras de TV. A equipe argumentou que ficaria muito estranho omitir o assunto, que ganhou repercussão internacional.
Desta forma, o patrão resolveu a questão de forma simples: seu principal telejornal ficaria sem edição neste sábado e o Triturando, programa de fofocas da emissora, ocuparia o espaço que caberia ao noticiário. Foi o que aconteceu.
Consultada sobre o motivo de o telejornal ter perdido espaço neste sábado, a direção de comunicação do SBT informou ao blog que não irá comentar o episódio.
A reunião ministerial divulgada na sexta foi tornada pública por decisão do decano do STF, o ministro Celso de Mello, que recebeu o material como pedido do ex-ministro Sergio Moro para provar as tentativas de interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal para não atrapalhar a vida de seus familiares “e amigos” (soubemos dos amigos depois da divulgação do vídeo).
Recheada de palavrões e com outros pontos que tornam o governo ainda mais vulnerável a novas investigações, a reunião ganhou repercussão mundial neste sábado e deve render novos inquéritos em torno das falas dos ministros da Educação, Abraham Weintraub, que sugeriu a prisão dos juízes do Supremo Tribunal Federal, e do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que avisou sobre a importância de definir no momento a regulamentação sobre pontos normalmente vigiados pela mídia e organismos internacionais, agora ocupados com o noticiário sobre a Covid-19.
A subserviência de Silvio Santos aos presidentes em exercício é notória. Entre os governos de João Figueiredo e FHC, o SBT exibia a Semana do Presidente, sempre uma agenda positiva das ações presidenciais, na voz de Lombardi, locutor preferido de Silvio, morto em 2009. Pouco antes da troca do ministro Luiz Henrique Mandetta por Nelson Teich no ministério da Saúde, Silvio mandou distribuir uma nota em que reafirmava sua obediência ao presidente da República, argumentando que a concessão de seu canal pertence ao Estado e ele, neste contexto, é como um patrão.
Nunca se viu, no entanto, desde a redemocratização iniciada pelo governo Sarney, tamanha subserviência como a que Silvio Santos presta agora a Bolsonaro, primeiro presidente a ameaçar a Globo com a não renovação da concessão pública do canal e com a suspensão de publicidade do governo, fatores que amedrontam o dono do SBT.
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