Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

TVs conectadas já são maioria no Brasil, afetando consumo da TV linear

Quem tem uma TV conectada à internet bem sabe o quanto isso afeta o consumo da TV linear. Quando canais convencionais, plataformas de streaming, redes sociais e games se encontram todos ao alcance da mesma tela, a distância entre as opções de zapping se reduz drasticamente, afetando os hábitos de consumo de vídeo.

Dados recentes informados pelo instituto Kantar Ibope Media mostram que o Brasil hoje já tem mais da metade dos domicílios com TVs conectadas, algo que tomou fôlego durante a pandemia, saltando de 27% para 57% entre 2017 e 2021. E olhe que o saldo nem inclui ainda as vendas de TVs em 2022, ano de Copa do Mundo, quando o comércio de telas sempre ganha impulso extra.

Até vídeos curtos, antes vistos normalmente apenas pela tela do celular, vão ganhando espaço cada vez maior em telas grandes. Hoje, 92% dos brasileiros, segundo constatação da Kantar Ibope Media, usam a TV para consumir vído.

Nesse contexto, 79% do tempo é dedicado às emissoras de televisão linear e 21% aos serviços de streaming – sendo 15% para conteúdos gratuitos e financiados por publicidade (AVOD) e 6% para produtos por assinatura (SVOD).

Todo esse movimento fez com que as TVs conectadas entrassem para a lista de tendências do Media Trends & Predictions 2023, previsão anual da Kantar IBOPE Media, que visa a mostrar como o cenário de mídia evoluirá globalmente no próximo ano. O estudo serve ao mercado anunciante para direcionar os investimentos das marcas.

Apesar de boa parte da população já ter acesso à multiplicidade de telas por sinais distintos, é preciso dizer que o hábito da TV linear ainda é incontestavelmente predominante, o que não significa que esse cenário ainda tenha longo tempo de vida. Tudo vem se transformando com muita velocidade.

Hoje, as emissoras de TV linear, termo no qual se enquadram os canais de TV convencionais, abertos e pagos,  alcançam 93% da população pesquisada mensalmente pela Kantar Ibope Media, sendo que a audiência é formada principalmente por pessoas acima de 35 anos (75%) e tem sua maior fatia na  classe C (49%), um retrato da própria população.

Os brasileiros passam atualmente, em média, 5h37min diariamente em frente à TV linear, dedicando a programas jornalísticos o maior tempo de . consumo: 25%, seguido de novelas (18%) e esportes, em especial o futebol (11%), com o restante do tempo fragmentado por outros gêneros.

Enquanto isso, os serviços de streaming (AVOD e SVOD) atingem 61% dos brasileiros mensalmente. O público é formado, majoritariamente, por usuários de 35 a 49 anos de idade (26%), com a maior fatia (48%) também pertencente à classe C.

Embora YouTube e Facebook estejam estabelecidos há algum tempo, os serviços AVOD continuam em crescimento. Principalmente por conta dos vídeos mais curtos –leia-se, em especial, Tik Tok, Reels e YouTube: 77% dos jovens conectados de 15 a 19 anos consomem o formato mensalmente. Já os produtos SVOD costumam atrair a assinatura por conta do preço (47%), do catálogo (47%) e da conexão em diferentes aparelhos (30%).

TRANSFORMAÇÃO

A expansão das TVs conectadas também promoverá uma profunda mudança nos investimentos de propaganda, em curto prazo, favorecendo a publicidade programática, ou seja, aquela que endereça a cada onsumidor um anúncio de acordo com o comportamento demonstrado por ela nas navegações feitas via internet. Quando você pesquisa o preço de uma geladeira, há de passar dias recebendo anúncios do eletrodoméstico em um site.

Como as TVs conectadas denunciam muito sobre cada espectador a partir dos itens consumidos por ele na internet, a publicidade programática també m há de alcançá-lo pela TV. Uma projeção da Kantar Ibope Media, batizada como Internet Protocol (IP) se tornará padrão para toda a distribuição de conteúdo e publicidade de TV, seja linear, seja streaming.

A expansão da rede de fibra e de 5G será essencial para lidar com enormes cargas de distribuição de vídeo em resolução cada vez maior. Assim, a transmissão da forma que é vista hoje poderá durar até a próxima década, ainda de acordo com as previsões do instituto.

Em uma realidade mais próxima, investimentos significativos estão sendo feitos em aplicativos de realidade virtual e aumentada para televisão. A Apple deve lançar a AR TV, enquanto Mark Zuckerberg, da Meta, esboça um cenário em que os aparelhos não serão objetos físicos, mas softwares em execução dentro de um metaverso.

Para 2023, além de facilitar novas formas de publicidade, como a exibição de anúncios em telas e menus domésticos, as TVs Conectadas estão preparadas para desenvolver capacidades de publicidade endereçável e expandir seu alcance. A

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Cristina Padiglione

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