Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Vetado há décadas, uso de bermuda é liberado nos endereços da Globo

Cid Moreira contou no Altas Horas que só apresentou o JN de bermudas uma única vez/Divulgação

A Globo comunicou a colaboradores e funcionários, que o uso da bermuda está liberado nas dependências da emissora, em seus diversos endereços.

Diz o comunicado:

“Cada pessoa é única. E uma das formas mais interessantes da gente mostrar quem é tá na maneira de se vestir. Aqui na Globo valorizamos. que você seja quem você é. Por isso, a partir de hoje, o uso da bermuda nos nossos endereços está liberado”.

Desde os anos 1960, quando nasceu, a Globo veta o uso da peça, em especial para homens e no Rio de Janeiro, sede da empresa, onde o calor estimula muitos homens a usar calças curtas.

Há na regra uma diferenciação de gêneros injusta, na visão de muita gente, às avessas, já que, neste caso, os homens encaravam um sacrifício do qual as mulheres eram poupadas. As representantes do sexo feminino, afinal, sempre puderam ir trabalhar com pernas à mostra, de saias, muitas vezes acima do joelho, o que equivalia a bermudas ou shorts, enquanto o clube do Bolinha só podia honrar seu expediente de pernas totalmente cobertas.

Num momento em que até policiais podem usar calças curtas, por que não mudar essa regra? Demorou.

Mas a norma atingia sobretudo o pessoal do jornalismo e da técnica, poupando os atores, em geral donos de liberdade estética maior que os demais profissionais.

Durante muitos anos, alimentou-se a lenda, para o público, de que os apresentadores de telejornais usavam bermudas debaixo das bancadas, num tempo em que eles não se levantavam para interagir com telão ou com comentaristas e entrevistados nos estúdios.

Era lenda. O uso da bermuda sempre foi expressamente vetado.

Aconteceu uma vez, e segundo Cid Moreira, só uma vez, de apresentar o Jornal Nacional de bermudas, em um dia de caos no trânsito carioca, durante o carnaval, sob o risco de o locutor não chegar em tempo para fazer o noticiário ao vivo. Ele relatou o episódio em uma edição do Altas Horas em 2014. Confira aqui. “Ate hoje eu tenho pesadelo porque o Léo Batista já estava na bancada, acabei de dar o nó na gravata já no ar”, contou.

Em 2016, após uma reportagem sobre novas regras de vestimentas para taxistas em São Paulo, William Bonner disse que “usava muita bermuda para fazer o Jornal Nacional, não aparecia de corpo inteiro, mas desde que a gente começou a conversar aqui ao vivo com a Maria Júlia Coutinho tem que ser assim: de terno completo todo dia”.  O comentário foi visto como brincadeira, mas a calça jeans, sim, era bastante usada por apresentadores antes das interações que agora os forçam a circular pelo cenário.

Em 2015, Fátima Bernardes garantiu, durante o Encontro, que o ex-marido nunca usou bermuda para apresentar o JN.

 

 

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Cristina Padiglione

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