Victor, Zé Mayer e agora Marcos, do ‘BBB’: Globo põe poder feminino em prática
Atenção, meninos: cuidado com o que dizem, cuidado com o que fazem.
Em coisa de dois meses, a Globo aplicou na prática, para a vida real, questões tão em voga nos discursos ou na ficção.
Na noite desta segunda-feira, após muitos comentários nas últimas 24 horas em redes sociais sobre o comportamento machista e agressivo de Marcos, do “BBB 17”, a emissora anunciou a decisão de expulsar da casa um dos últimos competidores desta edição. Seria estranho tolerar como candidato a ganhar R$ 1,5 milhão alguém que bota o dedo em riste no rosto da namorada, grita com ela e a encurrala contra a parede, apertando-lhe os pulsos. Tudo isso, na Globo, poucos dias depois da punição a um de seus principais atores, por assediar sexualmente uma figurinista, e poucos meses após eliminar de outro reality um jurado acusado de agredir a mulher – aliás, grávida.
Ações como estas, na rede de TV mais vista do País, valem mais que dez seminários sobre empoderamento feminino ou discussões sobre Lei Maria da Penha (citada no caso de Marcos pela delegada que compareceu aos Estúdios Globo para verificar a denúncia feita pela emissora).
Independentemente da questão de gêneros, agressão física é item de infração no confinamento do “Big Brother” no mundo todo e de fato rende a expulsão do agressor. No BBB 5, quando o então professor Jean Willys foi vítima de homofobia, só não houve expulsão porque a coisa não esbarrou em agressão física. Em outras edições, no auge da temperatura entre os competidores, isso já chegou a ser mencionado como estratégia entre candidatos que pretendiam gerar um fato capaz de eliminar o inimigo. Em 2012, houve caso de acusação de estupro, episódio muito discutido, à época, porque havia alguma dúvida sobre o fato de o sexo ter sido ou não consentido. Na ocasião, a polícia carioca já havia tido a chance de conhecer a casa do BBB.
Contudo, esta é a primeira vez que uma pegada agressiva nos pulsos e a imposição contra a parede, alcançada pela força do homem, rendeu sua expulsão.
Há uma semana, a Globo foi tomada por uma campanha de funcionárias, atrizes e apresentadoras que vestiram a camisa “MexeuComUmaMexeuComTodas”, em apoio à figurinista Susllen Tonani, que acusou o ator José Mayer de assediá-la sexualmente ao longo das gravações da novela “A Lei do Amor”. Mayer se retratou em carta aberta, mas foi suspenso da novela “O Sétimo Guardião”, de Aguinaldo Silva, em pré-produção para 2018.
Há pouco mais de um mês, o cantor Victor, da dupla Victor & Léo, acusado pela mulher de agredi-la fisicamente, foi retirado do júri do “The Voice Kids”, na mesma Globo.
No fim do ano passado, a Band também teve uma excelente chance de debater machismo durante o “Masterchef Profissionais”, e de fato essa bandeira foi levantada, com ênfase para as discrepâncias entre gêneros no ambiente da cozinha. Mas a vencedora, Dayse Paparoto, tentou ao máximo descartar a acusação de machismo, até para não acharem que sua vitória foi conquistada mais pelo empoderamento do que pelo talento como chef, o que de fato não ocorreu: o trio de jurados foi unânime em lhe dar a melhor pontuação, pelo trabalho apresentado.
São nesses episódios de “vida real” dentro da TV que a questão alcança mais eficiência, principalmente quando o debate se impõe por meio de ações.
Cuidado, rapazes. Muita calma nessa hora.
A Final do BBB é nesta quinta, amém, entre três mulheres.