Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Acadêmicos do sofá: 3 dicas para não sair de casa

Merlí, o sedutor professor de Filosofia

Se a proposta é fugir das baterias, alegorias e trios elétricos sem sair de casa, o TelePadi dá aqui três breves pistas do que tem de bacana na tela em domicílio.

  • Já viu “Merlí”? Para quem é adolescente ou tem filhos nessa fase, é um prato cheio como programa a ser visto em família. Da TV da Cataluña, a série foi criada e escrita por Héctor Lozano, a partir de seu protagonista, um professor de Filosofia de métodos nada ortodoxos que logo conquista a idolatria dos alunos de uma sala de aula onde um dos estudantes é seu filho, Bruno, inicialmente envergonhado por tal situação. Mas Merlí Bergeron (interpretado por Francesc Orella) está longe de agradar a todos. Compra a antipatia de um colega, a rivalidade de outro, a ira de alguns pais e testa os limites do diretor da escola. Os ensinamentos filosóficos vão nos conduzindo pelos meandros da história desse pequeno grupo de estudantes, seus dramas e escolhas pessoais, de um modo sedutor.
    Cada episódio é batizado pelo nome de um filósofo. Entre os alunos, há a gorda, o gay, o que se acha, o esquisito, o oprimido pelo pai, a preterida pela mãe, sem tintas maniqueístas.
    Com duas temporadas já disponíveis na Netflix, “Merlí” já tem sua terceira e última safra exibida na Espanha e logo ganha distribuição na plataforma.

    Merlí, série da Catalunha com 2 temporadas na Netflix

    https://www.youtube.com/watch?v=Wk8nUkwZLxk&t=3

  • Já viu “La Casa de Papel”, que a Netflix fez a besteira de rebatizar aqui como “Money Heist”? Depois de muito se falar sobre o título  da produção espanhola, a Netflix parece ter acreditado que ela “merecia” um idioma mais global e agora a chama por “Money Heist” no menu disponível no Brasil. Há coisa mais cafona do que mudar um título do espanhol, muito mais próximo da nossa língua, para o inglês, porque a série ganhou fama? Além de ridículo, conspira contra seu próprio sucesso, já que agora, tendo ouvido tanta gente falar a respeito, com críticas no Globo e no UOL, você não encontra no catálogo o nome pelo qual ela se tornou conhecida.
    A trama parte do assalto à Casa da Moeda, planejada pelo “professor” (Alvaro Morte), um sujeito bastante letrado e muito inteligente, que planeja passo a passo toda a ação, requisitando, para tanto, uma série de foragidos da Justiça, cada um com uma especialidade útil ao grande plano. Todos passam por um super treinamento, aulas de conhecimento e estratégias, em uma espécie de confinamento patrocinada pelo “professor”. No caminho desse grupo, está a inspetora da polícia Raquel (Itziar Ituño) responsável pela condução do assalto e pela segurança dos reféns.
    Pode ter vária remissões a alguns clássicos, como aponta o crítico André Barcinski, com razão, mas nem por isso a execução dessas referências é ruim, ao contrário. Os diálogos são muito bons e não há cena jogada fora: toda situação conduz o espectador a uma batelada de reflexões, sem imposição de regras.
    Do canal Antena 3, a série contou com 15 episódios e foi exibida na Espanha entre maio e novembro do ano passado, com um intervalo de quatro meses no meio. A Netflix, que adquiriu os direitos de distribuição global da produção, remontou o pacote, transformando os nove primeiros episódios da versão espanhola em 13 capítulos, já disponibilizados no Brasil. Os demais estão previstos para desembarcar aqui em 6 de abril.

    A série espanhola La Casa de Papel, que a Netflix agora chama de “Money Heist”. Como? As máscaras usadas durante o assalto, de Salvador Dalí, são uma das ondas dos foliões de rua neste carnaval.

    https://www.youtube.com/watch?v=ANNk3E0YGRU

  • Se você é um consumidor ávido por informações, sendo ou não do ofício de comunicação, não deixe de ver “The Newspaperman: The Life and Times of Ben Bradlee”, o documentário que a HBO colocou no ar sobre Ben Bradlee, o super editor-chefe do jornal “The Washington Post”, interpretado agora nos cinemas por Tom Hanks em “The Post – A Guerra Secreta”, filme finalista ao Oscar, e já vivido no passado por Jason Robards, em “Todos os Homems do Presidente”. Benjamin Crowninshield Bradlee (1921-2014) foi figura decisiva na revelação dos papéis do Pentágono que revelaram a verdade até então escondida sobre a Guerra do Vietnã e depois no escândalo de Watergate, que derrubou Richard Nixon da Casa Branca.
    O diretor John Maggio usa um audiobook gravado pelo próprio Bradlee em 1994 como narrador do documentário. Disponível na HBO GO, o título enfoca a amizade de Bradlee com os Kennedy, os limites dessa intimidade com o poder, impostos pelo ofício, e a grande macha no “The Post” sob sua gestão, uma fake news sobre uma criança viciada em heroína, que chegou a vencer o Pulitzer – o prêmio foi recusado pelo jornal quando se tomou conhecimento da farsa armada pela repórter Janet Cooke, a quem o jornal dera total apoio durante as investigações sobre a veracidade do fato. Com depoimentos da viúva, Sally Quinn e de seus ex-subordinados no jornal, além de imagens reais preciosas e do depoimento de Robert Redford sobre a convivência com o personagem durante as filmagens de “Todos os Homens do Presidente”.

    O super editor do ‘The Wasington Post’, Ben Bradlee, e a dona do jornal, Key Graham

    https://www.youtube.com/watch?v=9R5fi6LHQrQ

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