Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

1º presidenciável a rejeitar debates em 2º turno, Bolsonaro deixa ‘Roda Viva’ só para Haddad

Nesta segunda-feira, o candidato do PT à presidência da República, Fernando Haddad, dará uma entrevista de uma hora ao “Roda Viva”, programa de entrevistas da TV Cultura, a partir das 22h30.

Líder nas pesquisas de intenção de voto, Jair Bolsonaro (PSL) foi convidado a dividir o espaço do programa com Haddad, tendo uma hora toda sua no centro do cenário, mas recusou o convite.

Após receber aval de uma junta médica para participar de debates eleitorais na TV, Bolsonaro disse que não irá a nenhum programa do gênero. No caso da TV Cultura, isso se resumiria a uma entrevista sozinho, mas nem isso o capitão reformado topou encarar.

Líder nas pesquisas de intenção de voto, com larga vantagem sobre o adversário, Bolsonaro será o primeiro aspirante ao posto que não participa de debates no 2º turno das eleições.

Em 1989, Fernando Collor, então pelo extinto PRN, se ausentou dos embates anteriores ao 1º turno, mas esteve com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em dois encontros antes da votação final, ambos transmitidos em pool por quatro redes de TV aberta – Globo, SBT, Band e Manchete.

Em 1994, Fernando Henrique compareceu apenas a um debate, pela Bandeirantes, mas venceu as eleições em 1º turno, repetindo a dose em 1998, quando ignorou os embates e, de novo, levou no 1º turno.

Lula esteve em todos os debates em 2002, mas faltou aos encontros de primeiro turno em 2006, tendo debatido com Geraldo Alckmin, então finalista ao 2º turno, pelo PSDB, em 2006.

Em 2010, Dilma Rousseff esteve em debates no primeiro e no segundo turno, voltando a comparecer aos encontros para ser reeleita em 2014.

Bolsonaro participou de um debate na Band e de outro na RedeTV!, ainda antes que a candidatura de Haddad estivesse definida. Em 6 de setembro, sofreu um atentado que o manteve afastado das ruas e dos estúdios por mais de um mês.

Desta forma, não houve um único encontro entre os adversários que disputam este segundo turno, situação inédita para uma primeira eleição à presidência de postulante ao cargo, desde a redemocratização, quando o país voltou a votar para presidente após 29 anos de jejum.

Será também a primeira vez em que, havendo um segundo turno, o público fica sem um único embate entre os aspirantes à cadeira.

Ainda na última terça-feira, Haddad convidou Bolsonaro a debater por meio de mensagem no Twitter. O candidato do PSL respondeu em tom de deboche, tratando-o por “Andrade”, que quem “conversa com poste é bêbado”. Depois admitiu, ao ser liberado para a tarefa do ponto de vista clínico, que sua decisão obedecia a critérios de estratégia de campanha.

Em 1960, última eleição direta para presidente antes do regime militar, esse modelo de programa não existia. Tampouco o público dispunha de tantos aparelhos de TV, a ponto de um debate de TV afetar o resultado das eleições. E em 98, quando FHC ignorou os debates, o candidato desfrutava da vantagem e da relevância de quem já estava na cadeira.

Na quinta, 18,o instituto DataFolha divulgou o resultado de uma pesquisa que aponta que 67% da população é favorável à realização de debates entre os candidatos e 23% admitiram que poderiam mudar o seu voto em função do evento.

Em tempo: No “Roda Viva” desta segunda, Haddad será entrevistado por uma bancada composta por Bernardo Mello Franco, colunista do jornal “O Globo”; Fernando Canzian, repórter especial da “Folha de S.Paulo”; Maria Cristina Fernandes, colunista do “Valor Econômico”; Vicente Nunes, editor-executivo do “Correio Braziliense”; e Vera Magalhães, colunista do jornal O Estado de S. Paulo e comentarista da Rádio Jovem Pan.

O programa vai ao ar ao vivo, entre 22h e 23h, com transmissão pela TV Cultura, pelo site da emissora, Twitter, Facebook, YouTube e no app Cultura Digital.

Bolsonaro esteve no “Roda Viva” em julho, em meio a uma rodada de entrevistas promovidas pelo programa entre os presidenciáveis. Na época, demorou a confirmar sua participação e acabou comparecendo após os demais candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto. Na ocasião, o PT, que ainda não tinha candidato definido no lugar de Lula, detido em Curitiba, não participou dquelas sabatinas.

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Cristina Padiglione

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